Após tumulto, Congresso faz hoje nova tentativa de votar mudança na meta fiscal
Manifestações nas galerias na noite de ontem levaram o presidente do Congresso a pedir a retirada dos manifestantes. Oposição chegou a fazer escudo para impedir a saída do público. Já o governo acusa a oposição de incitar o tumulto para adiar mais uma vez a mudança na meta do superavit. Manifestantes disseram que voltarão hoje.
03/12/2014 - 10:28 • Atualizado em 03/12/2014 - 15:03
O Congresso Nacional está reunido neste momento para tentar, novamente, votar dois vetos presidenciais e a mudança na meta do superavit (PLN 36/14). A sessão de ontem foi encerrada depois intenso tumulto entre policiais legislativos, parlamentares de oposição e manifestantes que estavam nas galerias do Plenário. Essa será a terceira tentativa do governo de votar o projeto que desobriga o cumprimento da meta fiscal atual.
A suspensão da sessão foi motivada pela interferência das galerias – com gritos, palmas e palavras de ordem contra o governo. A líder do PCdoB, deputada Jandira Feghali (RJ), exigiu que os manifestantes fossem expulsos depois que a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) disse que foi chamada de “vagabunda”. “Numa sessão em que se debate política, não se admite que uma parlamentar seja chamada de vagabunda”, criticou. Muitas pessoas que estavam no Plenário entenderam que os manifestantes gritavam "vagabunda", mas nas galerias era possível ouvir que a maioria gritava "vai pra Cuba".
O presidente do Congresso, senador Renan Calheiros, ordenou a retirada dos manifestantes e denunciou a “partidarização” das galerias. Deputados da oposição, no entanto, fizeram escudo humano e impediram o esvaziamento do local. Houve empurra-empurra, e um manifestante disse ter sido atingido por uma arma de choque de um policial do Senado.
O clima de confronto durou cerca de 40 minutos e acabou impedindo o andamento da sessão. Renan marcou nova votação para hoje, denunciando uma “obstrução única em 190 anos do Parlamento”. “Havia 26 pessoas partidariamente instrumentalizadas provocando o Congresso, tumultuando. Não dá pra trabalhar e conduzir uma sessão do Congresso desta maneira”, disse.
A oposição cobrou de Renan mais diálogo para permitir que a população acompanhe a votação e cogita entrar com uma representação no Conselho de Ética do Senado contra o parlamentar. Já o governo avaliou que os oposicionistas incitaram a violência exatamente para adiar a votação da mudança na meta do superavit.
Da Redação - RL