Mailson da Nóbrega aponta solidez do Brasil, mas critica política monetária
09/08/2011 - 16:49
O economista e ex-ministro da Fazenda Mailson da Nóbrega disse que o risco de que o mundo passe por uma crise das proporções de 2008 é baixo. Os fatores não são os mesmos, e não há o risco de um colapso do sistema financeiro como ocorrido naquela época, em sua avaliação.
Mailson da Nóbrega afirmou que concorda com a visão do governo de que o Brasil está mais bem preparado para lidar com uma crise externa. “O Brasil tem um sistema financeiro sólido, bem regulado, e bem capitalizado”, destacou.
O ex-ministro criticou, no entanto, a política monetária do governo. Segundo ele, a intervenção não é bem estudada e pode ser prejudicial. Ele se mostrou preocupado sobretudo com a MP 539/11, que concede ao Conselho Monetário Nacional o poder de determinar margem maior de garantia para operações nos mercados de derivativos. “É uma violação das regras do jogo. Isso vai gerar enormes incertezas e deve aumentar as remessas para o exterior”, ressaltou.
Congresso americano
Mailson da Nóbrega disse também que a percepção da crise aumentou porque uma parte da oposição no Congresso norte-americano, conhecida como Tea Party, estava disposta a tudo, inclusive gerar uma crise, para expor o presidente Barack Obama frente à opinião pública. “A sanção do projeto [que permitia o aumento do limite da dívida americana] se deu a apenas 10 horas do calote da dívida americana”, disse.
Segundo ele, há uma mudança de sentimento nos mercados nacionais, principalmente com os dados do primeiro semestre, que foram decepcionantes, com os EUA tendo crescido apenas 0,8%. “Elevar o dinamismo dos mercados em 2008 gerou um custo em aumento das dívidas dos estados soberanos”, explicou.
Mailson da Nóbrega participa de comissão geral, no Plenário da Câmara, para debater a crise financeira internacional. No momento, tem a palavra o presidente da SR Rating, Paulo Rabello de Castro. Também debaterá o tema o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, além dos deputados. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, já falou ao Plenário.
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Reportagem – Marcello Larcher
Edição – Marcos Rossi