Deputado diz que Graça Foster mudou versão sobre cláusulas de compra de refinaria
11/06/2014 - 19:13
O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) disse há pouco que a presidente da Petrobras, Graça Foster, mudou a versão sobre as cláusulas Put Option e Marlim no contrato de compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. Essas cláusulas garantiam rentabilidade de 6,9% ao ano à empresa belga Astra Oil, independentemente do resultado da refinaria (cláusula Marlim), e a obrigação de a Petrobras comprar os outros 50% da refinaria em caso de desentendimento entre os sócios (cláusula Put Option).
“Até o dia de hoje toda a versão construída pelo governo era de que nunca tiveram conhecimento das cláusulas. Hoje a presidente muda e apresenta versão de não anexação de documento”, afirmou Lorenzoni, durante reunião da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga denúncias contra a Petrobras.
Graça Foster disse que os documentos da área jurídica foram levados para a diretoria executiva sem anexos, onde estariam informações sobre as cláusulas. “Esse é um documento que tem anexos e eles não estavam fisicamente presentes na documentação que foi levada à diretoria executiva da Petrobras”, afirmou.
Lorenzoni apresentou um documento interno da Gerência Jurídica da Área Internacional da Petrobras, de janeiro de 2006, que trata das cláusulas Put Option e Marlim, e afirmou que a diretoria administrativa da estatal sabia desses pontos.
África
O deputado também questionou a venda de metade das operações africanas da Petrobras para o banco BTG Pactual em junho de 2013, por 1,5 bilhão de dólares. O valor obtido pela venda despertou desconfianças, porque a gestão anterior calculava que os ativos valiam quase quatro vezes mais.
“Tínhamos proposta de uma empresa espanhola e a BTG fez uma proposta melhor. As outras 12 [empresas] não compareceram e não consolidaram a proposta”, disse a presidente da estatal. Ela falou que a avaliação de que os ativos africanos valeriam 7 bilhões de dólares foi desaconselhada porque indicava a emissão de ações.
De acordo com informações divulgadas pelo jornal Folha de S. Paulo, executivos da Petrobras estudavam a venda de 25% dos ativos da empresa na África com lucro estimado de R$ 3,5 bilhões. São R$ 2 bilhões a mais do que o banco pagou para levar o dobro de participação nos negócios africanos da estatal.
A Petrobras tem direitos de exploração de campos de petróleo em seis países africanos (Nigéria, Tanzânia, Angola, Benin, Gabão e Namíbia) e já produz na Nigéria. Em março, o banco teria recebido 10% do valor investido (R$ 150 milhões) em dividendos.
A comissão está reunida no plenário 2 da ala Nilo Coelho, no Senado.
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Reportagem – Tiago Miranda
Edição – Marcos Rossi