Deputado questiona BNDES sobre participação na Petrobras
27/05/2014 - 22:01
O deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP) quis saber quanto do capital do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) está investido na Petrobras. “Só para a refinaria Abreu e Lima (Recife) o banco emprestou bilhões. O banco não avaliou os riscos?”, questionou, durante audiência pública da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados.
O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, informou que o banco é dono de 9% das ações da Petrobras e tem recebido os pagamentos em dia pelos empréstimos realizados à estatal, como no caso da refinaria. Ele negou que tenha havido equívoco do banco na avaliação de riscos do empréstimo.
O economista aproveitou para defender o critério de empréstimos usado pelo banco. “Nossos empréstimos são lucrativos para nós e têm baixíssimas taxas de inadimplência”, comentou.
O BNDES emprestou R$ 10 bilhões para a construção da refinaria Abreu e Lima, mas o cálculo estava equivocado, pois, mesmo depois de a Petrobras ter gasto mais R$ 25 bilhões, a obra ainda não está concluída e pode chegar aos R$ 40 bilhões.
Portos
O deputado Fernando Francischini (SD-PR) questionou se o BNDES vai financiar a construção de um porto no Uruguai, a exemplo do que ocorreu com o porto de Mariel. “Nesse caso, a construção desse porto vai prejudicar diretamente construções de portos em Santa Catarina e Rio Grande do Sul que não contam com esses recursos”, disse.
Coutinho reconheceu que os portos nacionais precisam de maiores investimentos, mas garantiu que o BNDES está trabalhando na competitividade desses portos. Ele negou também que o banco tenha recebido pedido de financiamento para o porto que o Uruguai pretende construir.
Paraná
Francischini acusou também o governo federal de perseguir seu estado, o Paraná, para tentar alavancar a pré-candidatura da ex-ministra e atual senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) ao governo do estado. Segundo o deputado, até o BNDES estaria envolvido nesse boicote. “Quando o recurso é para os estádios da Copa, inclusive o de Curitiba, ele sai rapidamente, mas, logo depois, quando é para as demais atividades do Paraná, lembra-se, como desculpa, de uma dívida dos anos 90 para negar os recursos”, afirmou.
O deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB), que já foi secretário de Fazenda do Paraná, também afirmou que as instituições federais de fomento estão “perseguindo” o estado.
Já o deputado Pepe Vargas (PT-RS) criticou os argumentos usados pelos parlamentares de oposição sobre os financiamentos de obras no exterior realizados pelo BNDES. “Eles estão com uma visão sectária e, ainda por cima, preconceituosa. Todos os países de projeção externa têm agências para financiar serviços no exterior. O BNDES realiza esse serviço porque, infelizmente, ainda não temos um desses órgãos”, argumentou. Para Vargas, não existem critérios políticos para a liberação de recursos do banco.
Reportagem – Juliano Machado Pires
Edição – Pierre Triboli