Deputados se comprometem a ajudar o desenvolvimento do Haiti
10/12/2012 - 12:57

A delegação de deputados que viajou ao Haiti na semana passada encerrou a visita, no sábado (8), com o compromisso de mobilizar a Câmara para ajudar no desenvolvimento do país caribenho. A presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC), e os deputados Gonzaga Patriota (PSB-PE) e Jô Moraes (PCdoB-MG) ouviram de autoridades haitianas demandas de ajuda por parte do Brasil.
A principal delas diz respeito ao incentivo à indústria têxtil no Haiti. Uma das ideias é estimular empresas brasileiras a produzir roupas no Haiti e exportá-las para o Brasil livres de impostos. “O Haiti poderia se transformar em uma plataforma de exportação e seria mais competitivo do que a China, que hoje produz grande parte das roupas vendidas no Brasil”, avaliou o diretor-geral da Sociedade Nacional dos Parques Industriais do Haiti, Georges Barau Sassine.
Ele participou de reunião com os deputados brasileiros e autoridades haitianas na embaixada do Brasil em Porto Príncipe, na última sexta (7). O mesmo pedido havia sido feito em outra reunião pelo primeiro-ministro, Laurent Lamothe. “O acesso ao mercado brasileiro poderia reduzir a pobreza e aumentar o PIB haitiano. O Haiti precisa de empregos duráveis, pois 75% da população estão desempregados”, resumiu Lamothe.
Um projeto nos mesmos moldes de um acordo existente com os Estados Unidos já foi enviado ao Brasil. Perpétua Almeida se comprometeu a localizar a proposta e dar a ela um encaminhamento no Congresso Nacional. “É importante que o Brasil entre nessa causa, até porque existe um apelo humanitário”, disse a deputada. “Um projeto desses tem muita chance de ser aprovado”, acrescentou Gonzaga Patriota.
Engenharia
O primeiro-ministro haitiano ressaltou ainda a importância da missão de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) para o Haiti (Minustah), cujo braço militar é comandado pelo Brasil, e pediu mais apoio aos brasileiros, principalmente na área de engenharia. As tropas da Minustah trabalham em obras de infraestrutura, como pavimentação de rodovias, iluminação pública, serviços em portos e recolhimento de escombros remanescentes do terremoto que assolou o país em janeiro de 2010.
“O Brasil exerce papel preponderante e, por isso, os parlamentares devem compreender a importância da missão. Não queremos que a Minustah fique indefinidamente, mas precisamos trabalhar em um plano paralelo à retirada das forças de segurança”, preocupou-se Laurent Lamothe.
Sobre isso, o embaixador brasileiro no Haiti, José Luiz Machado e Costa, informou que há conversas entre os ministérios da Defesa dos dois países para apoio à formação de um corpo de engenharia. “O Brasil considera apenas colaborar com forças de engenharia”, explicou Machado e Costa.

A orientação atual da Minustah é para que o efetivo de 6.841 militares de 17 países seja gradativamente reduzido até, pelo menos, 2016. O número já cairá para 6.270 até junho do ano que vem. Um dos objetivos dos deputados brasileiros que viajaram ao Haiti, a convite do Ministério da Defesa, foi justamente checar a necessidade da permanência da missão. Nos dias que passaram lá, ouviram de militares e representantes da ONU que a saída dependerá de uma maior estabilidade política do país caribenho e de uma maior autonomia da polícia nacional.
No entanto, o integrante da Comissão de Relações Exteriores da Câmara do Haiti Paul Oliva Richard posicionou-se contrariamente à Minustah. Em sua opinião, os integrantes da missão internacional se comportam como “colonos”.
Reportagem - Noéli Nobre, enviada especial ao Haiti
Edição - Natalia Doederlein