Saúde

Fiocruz precisa de mais recursos para produzir vacina contra coronavírus

Imunizador está sendo desenvolvido em conjunto com a Universidade de Oxford, na Inglaterra, e a farmacêutica AstraZeneca

02/12/2020 - 17:14  

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) vai precisar de R$ 2 bilhões em recursos adicionais para cumprir o cronograma da vacina contra o coronavírus desenvolvida em conjunto com a Universidade de Oxford, na Inglaterra, e a farmacêutica AstraZeneca. A previsão é que as primeiras 30 milhões de doses sejam entregues em fevereiro de 2021 e mais 70 milhões de março a julho.

Em reunião da Comissão Externa da Câmara que avalia as ações contra a Covid-19 nesta quarta-feira (2), a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, disse que já foram destinados à instituição R$ 3,6 bilhões, que asseguraram as primeiras 100 milhões de doses e financiaram também a produção de 11, 7 milhões de testes moleculares para a detecção do vírus, entre outras ações.

Além dos recursos já liberados, os deputados analisam a medida provisória MP 994/20, que abre crédito extraordinário de R$ 1,995 bilhão para custear o contrato de produção da vacina.

Michel Jesus/Câmara dos Deputados
Balanço das Atividades da Fiocruz durante a Pandemia de Covid-19. Presidente da Fundação Oswaldo Cruz - FIOCRUZ, Nísia Trindade Lima
A presidente da Fiocruz, Nísia Lima, lembrou que o vírus continuará circulando no mundo, como ocorre com outros vírus, e por isso é preciso desenvolver vacinas eficazes e seguras

Ainda assim, falta dinheiro para mais 110 milhões de doses da vacina, que seriam produzidas ao longo do segundo semestre de 2021. Durante a audiência, Nísia Lima enfatizou a importância de garantir a vigilância futura da doença.

“Como todos os epidemiologistas, os infectologistas e virologistas do Brasil e do mundo vêm apontando, nós teremos a continuidade de circulação desse vírus; conviveremos, portanto, com ele, como ocorre com outros vírus, ainda que tenhamos – e essa é realmente uma boa notícia que vem da ciência – a possibilidade de vacinas eficazes e seguras”, disse.

Eficácia
Sobre a eficácia da vacina, o vice-presidente da Fiocruz, Marco Krieger, apresentou os dados clínicos das várias fases da pesquisa. Os estudos continuam, mas já chegou a um índice médio de 70% de proteção contra o vírus e 100% de ausência de casos graves entre os voluntários que receberam a vacina. Krieger estima que a submissão formal do registro à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) seja feita em janeiro.

“O Brasil está entre os 10 países que vão ter mais vacinas disponíveis num primeiro momento. Essa vacina tem muitas vantagens: uma termoestabilidade que permite que ela seja disponibilizada pelo programa Nacional de Imunização na cadeia de armazenamento e transporte que já existe, além de um quantitativo que permite que a gente faça o atendimento de boa parte da população alvo”, afirmou.

Deputados que participaram do debate se mostraram preocupados com a questão orçamentária. Eles lembraram que há dois projetos (PL 4078/20 e PLP 226/20) que estendem até o final de 2021 a possibilidade de transferência de recursos da União para ações de combate ao coronavírus. Assinaturas estão sendo recolhidas para a apresentação de uma proposta de emenda à Constituição com o mesmo teor.

Michel Jesus/Câmara dos Deputados
Balanço das Atividades da Fiocruz durante a Pandemia de Covid-19. Dep. Carmen Zanotto (CIDADANIA - SC)
Carmen Zanotto chama atenção para a logística e a infraestrutura para a imunização: "Não podemos errar em 2021"

Os parlamentares também ficaram com dúvidas sobre a estratégia divulgada pelo governo federal para a vacinação contra a Covid-19. Para a relatora da comissão externa, deputada Carmen Zanotto (Cidadania-SC), é preciso ter atenção com a logística e a infraestrutura para a imunização.

“Nós não podemos errar em 2021, porque nós temos as vacinas de rotina e mais a vacina do Covid-19 no maior quantitativo possível com vacinas com segurança e eficácia.”

Coordenação central
O presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação, Jurandir Frutuoso, afirmou que, além de orçamento adequado e da garantia da vacina para toda a população, é preciso ter uma coordenação central para o combate ao coronavírus.

“Não podemos novamente ficar cada um com a sua estratégia individualizada e muitas vezes até equivocada e não concentrarmos uma ação forte, onde o pensamento construído coletivamente dentro de uma pactuação possa ser o condutor e o carro-chefe da nossa reação para o próximo ano. ”

O representante do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems), Willames Freire, acrescentou outras preocupações, como a preparação dos novos prefeitos para organizar os sistemas locais de saúde e a adoção de uma logística que não ameace a eficácia da vacina.

Reportagem - Cláudio Ferreira
Edição - Ana Chalub

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