Educação, cultura e esportes

Especialistas questionam custos e qualidade do ensino

08/11/2016 - 20:48   •   Atualizado em 08/11/2016 - 21:23

Durante a audiência pública sobre a Medida Provisória 746/16, debatedoras questionaram a qualidade do ensino técnico que será oferecido aos alunos e os custos da implantação do ensino integral.

Já o deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) pediu a retirada de pauta da MP e a análise de um projeto de lei sobre o tema em regime de urgância.

Mercado de trabalho
Socióloga e representante do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), Maria Alice Setubal mostrou preocupação com a qualidade da oferta de conteúdos técnico-profissionalizantes em cidades com menos de 200 mil habitantes, sobretudo as que carecem de professores e de infraestrutura.

Lúcio Bernardo Junior/Câmara dos Deputados
Audiência Pública sobre a MP 746/16, que reforma o currículo do ensino médio. Presidente do Conselho de Administração do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitário - CENPEC, Maria Alice Setubal
Maria Alice Setúbal:lacuna na formação de professores:

Ela apresentou um estudo recente que afirma que 42% dos professores do ensino médio não têm a formação adequada nas disciplinas que ministram. Corrigir essa lacuna é, para Maria Alice, o “divisor de águas” para o sucesso de qualquer tentativa de reforma estrutural.

“É importante que os alunos que não foram para a universidade tenham uma formação técnica, mas ela precisa estar adequada ao mercado de trabalho e aos anseios dos jovens”, disse, ao ressaltar que apenas 17% dos alunos entre 18 e 24 anos cursam o ensino superior. 

Ensino integral
A consultora da Câmara dos Deputados  Mariza Abreu informou que, segundo estimativas do Ministério da Educação, a política do ensino integral custará R$ 1,5 bilhão nos primeiros dois anos. Ela disse que, caso os sistemas públicos estaduais decidam investir no ensino integral, precisarão ter a garantia de que o dinheiro estará disponível, o que não é certo no momento atual de crise econômica.

"Acho que existe hoje uma enorme insegurança na relação dos estados com o governo federal quando se trata de financiamento de políticas. A primeira pergunta que o Congresso precisa fazer é de onde está saindo esse recurso, e qual garantia os estados podem ter de que esse dinheiro vai ser mantido no processo de implementação dessa política", observou.

Nova reunião
A comissão mista volta a se reunir nesta quarta-feira (9) para ouvir representantes de docentes e de estudantes. A audiência será às 14h30, no plenário 6 da ala senador Nilo Coelho, no Senado. 

Reportagem - Emanuelle Brasil, com informações da Agência Senado
Edição - Rosalva Nunes

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