Deputados alertam para gravidade dos efeitos da microcefalia
16/12/2015 - 14:20

O deputado Osmar Terra (PMDB-RS) chamou atenção há pouco para a gravidade dos efeitos do Zika vírus em gestantes, podendo causar a microcefalia – doença que se caracteriza pelo desenvolvimento insuficiente do crânio e do cérebro de bebês.
“Estamos tratando da mais terrível epidemia que vai assolar esse País por muitos anos. Causa danos cerebrais irreversíveis. Crianças vão precisar do apoio da família e do setor público por toda da vida. Crianças não vão falar nem andar”, alertou Terra, que é médico por formação e participa de comissão geral sobre a microcefalia no Plenário da Câmara dos Deputados.
“Se continuar a progressão atual da doença, em janeiro teremos mais de 8 mil crianças com microcefalia em 4 meses. No ano que vem, mais de 100 mil crianças vão nascer com microcefalia no Brasil”, lamentou o deputado.
Combate ao mosquito
Para Terra, o enfrentamento ao mosquito Aedes aegypti é decisivo enquanto não existe vacina para as doenças transmitidas por ele. “A vacina é decisiva e estamos há 5 anos pra fazer a vacina da dengue. Não pode ser uma coisa de competência. Isso é incompetência”, criticou.
“Isso não é um assunto simples. É um assunto para gabinete de crise 24 horas. Ou acabamos com o mosquito ou vamos ter uma geração inteira de crianças sem conseguir sair de casa. Tem que ter um orçamento só para microcefalia”, defendeu Terra.
O deputado Odorico Monteiro (PT-CE) também comentou que a prioridade deve ser entender a complexidade que é o enfrentamento do Aedes Aegypti. “É um mosquito que necessita do sangue para sua reprodução. E, se ele colocar um ovo contaminado, já vai nascer um mosquito contaminado”, alertou Monteiro.
O deputado reconheceu as ações do Ministério da Saúde, mas defendeu uma atuação interfederativa de União, estados e municípios e de toda a sociedade. “Porque quem vai resolver o problema da água parada – que permite a reprodução do mosquito – são as próprias famílias”, lembrou Odorico Monteiro.
Tratamentos futuros
A deputada Mara Gabrilli (PSDB-SP) disse que é importante aproveitar o momento para rever a politicas relacionadas aos serviços de reabilitação, de cuidados e de órteses e próteses no Brasil. “No caso da microcefalia não é apenas um dano físico, temos um dano cerebral irreversível e elas vão precisar de toda uma gama de cuidados. Essas crianças vão precisar de cuidados. Precisamos melhorar os serviços de reabilitação, de cuidados e de órteses e próteses no Brasil”, disse.
A deputada Carmem Zanotto (PPS-SC) também destacou a necessidade de investimentos pesados para oferecer cuidados e estímulos precoces a crianças com microcefalia. “Vamos precisar de centros de acolhimento e tratamento especializados para crianças com microcefalia”, alertou.
Zanotto também comentou o contingenciamento de R$ 13,4 bilhões do orçamento do Ministério da Saúde. “Quero fazer um apelo à equipe econômica. Hospitais filantrópicos precisam receber e estados e municípios precisam receber. Pelo amor de Deus, liberem pelo menos R$ 6 bilhões, porque estamos diante de uma emergência sanitária”, disse a deputada
A Comissão Geral acontece no Plenário Ulysses Guimarães.
Reportagem – Murilo Souza
Edição – Mônica Thaty