Começa comissão geral para debater surto de microcefalia no Brasil
16/12/2015 - 11:56

A sessão extraordinária do Plenário da Câmara dos Deputados foi transformada há pouco em Comissão Geral para debater o surto de microcefalia que tem se espalhado pelo país. O debate foi proposto pelo deputado Mandetta (DEM-MS). “Faz-se urgente um debate com todos os agentes sanitários e políticos, a fim de traçar um plano para combater esta emergência sanitária”, disse o deputado, que é médico, ao sugerir o tema em parceria com a Frente Parlamentar da Saúde.
Mandetta esclareceu que o objetivo da comissão geral é compreender quais ações o Ministério da Saúde vem tomando e como o parlamento pode contribuir para combater o surto de microcefalia. “Esse é um combate caro e desafiador, principalmente quando se considera a falência do Programa Nacional de Combate a Dengue (PNCD), com larga vantagem do Aedes Aegypt em relação ao programa”, destacou Mandetta, dirigindo-se ao ministro da Saúde, Marcelo Castro, que participa da comissão geral.
“É imperativo a revisão do programa de combate a dengue”, completou Mandetta, chamando atenção ainda para a necessidade de campanhas de esclarecimento da população sobre as formas combater o mosquito e evitar os efeitos do Zika vírus.
O deputado também cobrou mais investimentos em pesquisa sobre vacinas contra a dengue e o zika. “Será que não deveríamos avançar para priorizar agora uma vacina específica para o zika?”, questionou Mandetta, ao comentar que a Frente Parlamentar de Saúde sugeriu mudanças no Orçamento de 2016 para prever recursos para pesquisas nessa área.
A microcefalia é uma doença grave, incurável, que se caracteriza pelo crescimento insuficiente do crânio e do cérebro de bebês durante a gestação. O diagnóstico definitivo da doença é quando o tamanho da cabeça de uma criança de 1 ano e 3 meses é menor que 42 centímetros.
Epidemia
A doença ganhou níveis epidêmicos no Brasil nos últimos três meses, levando o governo federal a decretar estado de emergência sanitária nacional.
De acordo com o último Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde foram registrados 2.401 casos da doença e 29 óbitos até 12 de dezembro deste ano. Esses casos estão distribuídos em 549 municípios de 19 estados e no Distrito Federal.
A maior suspeita é a de que os números, até então nunca vistos em nenhum país, são resultados da infecção da mãe durante a gestação pelo Zika vírus, transmitido pelo mosquito Aedes Aegypt, que também é agente transmissor da Dengue e das febres Chikungunya e Amarela, entre outras moléstias. Do total de casos notificados, 134 foram confirmados como tendo relação com o vírus Zika e 102 não têm relação com o vírus.
A Comissão de Seguridade Social e Família aprovou projeto que cria a Política Nacional de Combate à Dengue, à Febre Chikungunya e à Febre Zika (1861/15). O projeto, do deputado Luiz Lauro Filho (PSB-SP), estabelece em lei obrigações dos governos federal, estaduais e municipais, além da própria população.
Reportagem – Murilo Souza
Edição – Mônica Thaty