Saúde

Deputados defendem aprofundamento da pesquisa sobre a fosfoetanolamina

24/11/2015 - 12:08  

Assista ao vivo

O diretor superintendente do Hospital Amaral Carvalho, Antônio Luis Cesarino de Moraes Navarro, informou há pouco que a pesquisa que deu origem à síntese da fosfoetanolamina começou a partir de um convênio firmado em 1995 entre o hospital e o Instituto de Química de São Carlos (IQSC) da Universidade de São Paulo (USP) para estudar bactericidas e fungicidas (polímeros) derivados da mamona. Ele participa de comissão geral no Plenário da Câmara dos Deputados sobre o uso da fosfoetanolamina no tratamento do câncer.

Segundo Navarro, no entanto, o hospital não se aprofundou na pesquisa da substância, uma vez que os estudos clínicos só tiveram inicio 12 anos depois. “Em relação à fosfoetanolamina, especificamente, os estudos clínicos só surgiram em 2007, quando o [pesquisador] Gilberto [Orivaldo Chierice] orientava uma tese de mestrado. Ou seja, o hospital não se aprofundou nos estudos por não haver a análise pré-clínica da substância”, disse.

A deputada Carmen Zanotto (PPS-SC) defendeu que a fosfoetanolamina só poderá ser distribuída em grande escala a partir do acompanhamento da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do reconhecimento de todas as quatro fases que se exige da pesquisa clínica no Brasil.

Apesar de defender cautela na aprovação do uso da substância, Zanotto disse que é preciso acreditar na pesquisa feita no Brasil. “Neste caso específico, precisamos reconhecer que este medicamento vem sendo produzido por uma universidade, já foi distribuído para diversos pacientes, e há relatos de pacientes do resultado do medicamento”, disse ela, pedindo agilidade no processo de análise clínica do novo composto.

A deputada também destacou o papel importante da subcomissão da Câmara criada para acompanhar as ações do grupo de trabalho do Ministério da Saúde responsável por apressar as etapas de aprovação e desenvolvimento clínico do medicamento.

Médico, o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) destacou a importância de não estimular o charlatanismo em torno do tema. “Não podemos incentivar a crendice popular”, disse ele, em referência ao fato de a substância ter recebido do título de “pílula do câncer”, por supostamente trazer a cura da doença. “Essa é uma tentativa de desqualificar um trabalho sério”, completou.

Por outro lado, Chinaglia ressaltou que a ciência não pode trabalhar negando os fatos e os possíveis resultados da substância. “Sabemos que essa substância, que é produzida pelo próprio organismo, só existe concentradamente em células tumorais, exatamente por ser uma reação do organismo. Negar esse fato é não fazer ciência. Aí é o preconceito e o interesse econômico da chamada indústria do câncer”, disse o deputado, lembrando que se dependesse do interesse de muitos, a penicilina também não teria sido descoberta. “Foi o olhar de um cientista que, observando o acaso, percebeu que ali havia um produto que combatia determinadas bactérias” finalizou.

Participe
Os internautas podem participar ao vivo do debate, enviando perguntas. Basta clicar no link do e-Democracia e entrar na sala de bate-papo.

Mais informações a seguir.

Reportagem - Murilo Souza
Edição - Marcia Becker

A reprodução das notícias é autorizada desde que contenha a assinatura 'Agência Câmara Notícias'.