Ciência, tecnologia e Comunicações

Presidente da EBC pede compensação das teles às emissoras de TV pública

Em audiência no Conselho de Comunicação do Congresso, Nelson Breve afirmou que as empresas de telecomunicações deveriam carregar o sinal digital das TVs públicas.

02/12/2013 - 21:32  

O presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Nelson Breve, defendeu nesta segunda-feira uma medida de compensação para as televisões públicas, que serão prejudicadas pela tecnologia 4G – essas emissoras perderão uma faixa de frequência, que será destinada ao serviço de celular de quarta geração. Para o presidente da EBC, as empresas de telecomunicações deveriam carregar o sinal digital das TVs públicas.

Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados
Audiência Pública. Diretor-Presidente da EBC, Nelson Breve
Nelson Breve: diminuição de espaço no espectro vai prejudicar a competitividade das TVs públicas.

Segundo ele, a diminuição de espaço no espectro vai prejudicar a competitividade das TVs públicas. Nas capitais e em cidades com mais de 500 mil habitantes, não há canais públicos previstos até 2018, quando haverá o “apagão analógico” e, só então, essas emissoras poderão iniciar suas transmissões digitais.

“Isso é um prejuízo para quem precisa competir pela audiência no momento em que a tecnologia da TV digital permite que todos nós entremos juntos no jogo. No analógico, a televisão pública entrou muitas décadas atrasada e não conseguiu competir com a radiodifusão comercial”, declarou.

Já o presidente da Associação Brasileira de Emissoras Públicas e Educativas (Abepec), Pedro Luiz Osório, destacou que o prejuízo dessa medida será enorme para a comunicação pública. "Não poderemos começar a conquistar audiência já agora no período de transição para TV Digital, só depois do apagão analógico", explicou.

O presidente da associação, que reúne 24 emissoras de televisão públicas (as antigas educativas), reclamou ainda da ausência de uma política para o setor de comunicação. Isso, segundo ele, é ainda mais prejudicial no momento em que as emissoras públicas estão se consolidando.

Operador único
Nelson Breve, por sua vez, afirmou que, em capitais e em cidades com mais de 500 mil habitantes, seria necessária a diminuição da faixa para o 4G, garantindo a permanência das TV públicas; ou a contrapartida das teles às emissoras públicas.

“O mínimo que se pode fazer é construir, em forma universal, o operador único da rede pública digital, tendo em vista que não poderemos estar com a comunicação pública em todos os grandes centros no prazo anterior ao apagão analógico”, disse Nelson Breve.

O operador nacional único de rede pública da TV digital permitirá a digitalização dos canais comunitários, legislativos, judiciários e educativos a custos compartilhados. Nelson Breve lembrou que, em Brasília, todas as emissoras se cotizaram e compraram uma única torre de TV, o que resultou em economia para todos.

Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados
Audiência Pública. Diretor de Regulação da TELEBRASIL, Sérgio Kern
Sérgio Kern: nova faixa de radiofrequência é importante para a expansão da telefonia 4G.

Estimativa de custos
O diretor de Regulação do Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal (Sinditelebrasil), Sérgio Kern, disse que será preciso avaliar os custos dessa sugestão. Ele destacou ainda a importância da nova faixa de radiofrequência para a expansão da telefonia 4G.

“A faixa de 700 MHZ possibilita uma abrangência maior do serviço, em áreas atualmente não atendidas, como áreas marginais das cidades e ambiente rural. Fundamental para expansão da banda larga, como é interesse da sociedade brasileira e do governo federal. Se você usa uma frequência alta, como usamos atualmente, de 2,5 MHZ, é quatro vezes mais cara a infraestrutura do que se usarmos a faixa de 700 MHZ”, disse Kern.

O leilão das novas frequências deve ser no primeiro semestre do ano que vem. O Conselho de Comunicação, órgão auxiliar do Congresso, pode emitir uma recomendação sobre o assunto antes disso. O órgão já ouviu representantes do governo. Em reunião realizada no ano passado, o Ministério das Comunicações garantiu que a transferência dos canais de televisão para uma nova faixa será uma das condições para a licitação. Esse custo, segundo o ministério, será assumido pela empresa vencedora.

Interferência
O engenheiro e consultor da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Paulo Ricardo Balduíno, destacou que as emissoras de televisão aberta precisam de espectro sem interferência. Do contrário, perderão qualidade e, consequentemente, audiência. Para ele, é preciso que a regulamentação do uso da faixa de 700 MHZ preveja as condições de convivência dos serviços de radiodifusão e telecomunicações. "Devem ser feitos testes completos e rigorosos para definir técnicas para mitigar interferências", afirmou.

Sérgio Kern, do Sinditelebrasil, reconheceu a necessidade de mitigar interferências. Ele informou que a entidade contratou o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (Cpqd) para avaliar a convivência dos serviços na mesma faixa. "Todos os impactos e atribuições das teles serão conhecidos antes do leilão da frequência. Só com essas informações será possível valorar a faixa. Precisamos conhecer os custos para essa adequação", disse.

Da Rádio Câmara - PT

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