Saúde

Ministro Alexandre Padilha destaca outras ações voltadas para a saúde

04/09/2013 - 18:56  

Rodolfo Stuckert
Comissão geral discute Programa Mais Médicos
Deputados, representantes do governo e de associações médicas debateram o Programa Mais Médicos em comissão geral na Câmara.

Na comissão geral sobre o Programa Mais Médicos, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, lembrou que a pasta vem promovendo outras iniciativas que devem gerar resultado no médio prazo. Entre elas, está o estímulo à criação de vagas em faculdades de Medicina e a garantia de infraestrutura em unidades de saúde.

De acordo com Padilha, o Brasil oferece 0,8 vaga de Medicina para cada 10 mil habitantes. Em Portugal é 1,6. Na Argentina, 3,2. Além disso, a cada ano, 700 mil pessoas concorrem para cada 17 mil vagas em cursos na área. “O Brasil precisa democratizar o acesso ao estudo da Medicina, caso contrário não resolveremos o problema estruturante da falta de médicos”, afirmou.

Além da graduação, o Ministério da Educação planeja, por meio da Comissão Nacional de Residência Médica, duplicar as 11 mil vagas de residência já existentes, acrescentando mais 12 mil vagas a esse número nos próximos quatro anos. Segundo o secretário de Educação Superior do Ministério da Educação (MEC), Paulo Speller, a vinda de médicos estrangeiros para atuar no Brasil dentro do Programa Mais Médicos se dá em “caráter emergencial” apenas.

Má gestão
O presidente da Federação Nordestina dos Médicos, José dos Santos Menezes, afirmou na comissão geral que a carência de médicos nas periferias e cidades do interior é decorrência da má gestão do Poder Público. “As prefeituras não pagam os salários corretamente e não há concursos públicos suficientes para o setor”, exemplificou. Diferentemente do que afirma o governo, ele acredita que há, sim, médicos suficientes no Brasil. “O que falta é competência do setor público para manter os médicos em seus quadros”, argumentou.

Para o presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), Florentino Cardoso Filho, o Programa Mais Médicos não ataca três dos principais problemas da saúde no Brasil, em sua opinião: subfinanciamento, má gestão de recursos e falta de estrutura. Na avaliação dele, a União é o ente responsável pela falta de recursos na área. “O governo federal desobriga-se de sua responsabilidade e sacrifica estados e municípios, que não têm condições de oferecer recursos suficientes.”

Já o presidente da Federação Nacional dos Médicos, Geraldo Ferreira, defendeu a realização de concurso público nacional para a contratação de mais médicos no Brasil.

Distribuição
O líder da minoria, deputado Nilson Leitão (PSDM-MT), cobrou uma melhor distribuição dos recursos da União para beneficiar ações de saúde em todo o País. “Nos últimos anos, cerca de R$ 10 bilhões em restos a pagar da Saúde deixaram de ser pagos”, disse.

Ele criticou o fato de o governo federal “abocanhar 70% de tudo que se arrecada no País” e não compartilhar esses recursos com estados, municípios, santas casas e hospitais filantrópicos. “No meu estado, tem gente que anda 1,5 mil quilômetros para engessar um braço”, apontou.

Apesar de defender o programa Mais Médicos, o deputado Ivan Valente (Psol-SP) alertou que ele não soluciona os problemas da saúde no País. “O problema é muito mais grave. Não é só mais médicos, é mais tudo. É mais recurso, é mais profissionais de saúde", disse.

Segundo Valente, além de mais investimento no setor e da contratação de mais profissionais, o Brasil precisa repensar o atual modelo, que, segundo ele, é baseado “na indústria farmacêutica e na medicalização da saúde”.

Da Redação/NA

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