PSDB acusa governo de usar Perillo para desviar foco do mensalão
17/07/2012 - 20:19
Líderes do PSDB sustentaram nesta terça-feira (17) que as denúncias de envolvimento do governador de Goiás, o tucano Marconi Perillo, com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, são uma estratégia do PT e da base do governo para desviar o foco das investigações. “É um esquema orquestrado a partir do Executivo para retirar o foco do esquema de corrupção e do julgamento do século, o do mensalão”, afirmou o senador Álvaro Dias (PR), em entrevista coletiva.
O vice-presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira, deputado Paulo Teixeira (PT-SP), rebateu afirmando que a CPMI foi criada “inclusive com assinatura dos tucanos”. Teixeira disse ainda que, se a investigação ocorre neste período, “é porque os fatos vieram à tona a partir de investigação e das prisões da Polícia Federal”.
Teixeira reafirmou que existem provas suficientes para pedir o indiciamento do governador de Goiás. “Marconi Perillo deve ser indiciado pela CPMI, tendo em vista o número de provas que o ligam a Cachoeira”, garantiu.
Para o relator da CPMI, deputado Odair Cunha (PT-MG), “parece que é o PSDB que está tentando fazer disputa política e criar uma cortina de fumaça para impedir o prosseguimento das investigações”.
Investigação
Representantes do PSDB disseram ainda que a maioria dos integrantes da CPMI – 26 dos componentes são da base, contra seis da oposição – não quer investigar “coisa nenhuma”. De acordo com o presidente do partido, Sérgio Guerra, o governador já compareceu várias vezes à comissão e foram feitas “apenas perguntas irrelevantes e sem conteúdo”. Além disso, afirmou, “ninguém pediu documentos ou apurou contratos”.
Já Paulo Teixeira garante que as investigações baseiam-se em “provas muito robustas”, como escutas e relatórios da Polícia Federal e quebras de sigilo. “Utilizamos dados da PF para cassar o Demóstenes Torres (ex-senador), porque os dados não valerão para os demais políticos?”, questionou.
Blindagem
Na entrevista coletiva, o líder do PSDB, deputado Bruno Araújo (PE), reforçou a tese de que os petistas querem “blindar” o governo federal. Segundo o líder, entre 2003 e 2011, quatro ministério pagaram R$ 3,7 bilhões à construtora Delta, ligada à Cachoeira. Em Goiás, segundo Araújo, foram pagos apenas 7% dessa soma.
Os integrantes do PSDB ainda argumentaram que 52% das testemunhas ligadas a Perillo foram ouvidas, contra 19% daquelas ligadas “ao esquema criminoso”.
Álvaro Dias acrescentou que as administrações da base do governo foram responsáveis por 87,42% das transações com as organizações de Cachoeira (R$ 6,5 bilhões), contra 10% das gestões da oposição. “Está explicado porque não querem que a CPMI avance”, frisou.
Já o vice-presidente da CPMI afirmou que o trabalho é “rigoroso” e não irá poupar integrante de nenhum partido. “A comissão indicará o indiciamento de políticos de vários partidos, inclusive há possibilidade de indicar políticos do PT”, disse Teixeira.
Reportagem - Maria Neves
Edição – Daniella Cronemberger