Meio ambiente e energia

Ministério aposta na educação para estimular consumo consciente

10/07/2011 - 13:04  

Sônia Baiocchi
lixo não reciclado
Entidades defendem mudanças que estimulem a reutilização das sacolas.

A coordenadora técnica da campanha “Saco é um Saco”, do Ministério do Meio Ambiente, Fernanda Daltro, é a favor da ideia de que a solução para as sacolas plásticas não passa pela mudança de tecnologia empregada na sua fabricação, mas por uma mudança nos hábitos de consumo, sobretudo, em razão do fácil acesso e da gratuidade do produto.

“Se as sacolas fossem pagas, como ocorre na Irlanda, por exemplo, as pessoas teriam mais parcimônia em usar e as reutilizariam, evitando que se tornem uma coisa descartável”, diz a coordenadora, destacando que a sacola plástica acabou sendo escolhida como item emblemático para nortear a campanha como forma de chamar a atenção sobre a importância do consumo consciente.

Nova tecnologia
Em relação à substituição das sacolas convencionais pelas oxibiodegradáveis, como sugere o PL 612/07, o presidente da Abief, Alfredo Schmidtt, alerta que ainda não existem estudos conclusivos sobre a eficácia do aditivo incorporado à composição das sacolas para facilitar sua degradação. Para ele, a simples migração para a nova tecnologia ainda é bastante temerária.

“Os fabricantes de sacolas oxibiodegradáveis estão vendendo a ideia de que um aditivo que faz o plástico desaparecer, mas, na verdade, o que acontece é a fragmentação mais rápida da sacola, que desaparece visualmente, mas as partículas continuam lá”, explica.

Segundo os fabricantes, a sacola oxibiodegradável tem a característica de degradar-se naturalmente, primeiro pela oxidação gerada por luz e calor, e depois pela ação dos micro-organismos, produzindo resíduos finais como o dióxido de carbono (CO2) e a água.

Conforme o texto inicial do PL 612/07, todos os estabelecimentos comerciais do território nacional ficariam obrigados a utilizar somente sacolas plásticas oxibiodegradáveis. A proposta, no entanto, foi alterada pelo ex-deputado Leandro Sampaio, que foi relator da matéria na Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio, a única a analisá-la na legislatura passada.

Pelo novo texto, que pode ser aproveitado ou não pelo atual relator, deputado Ronaldo Zulke (PT-RS), apenas serão permitidos sacos fabricados sem componentes derivados de petróleo e que possam se desintegrar no ambiente em um período máximo de 18 meses.

Aplicação restrita
Para o presidente do Instituto Sócio Ambiental dos Plásticos (Plastivida), Miguel Bahiense, a alteração de oxibiodegradável para biodegradável pode inviabilizar a execução do projeto. Segundo ele, a empresa alemã Basf é a única fabricante mundial da tecnologia biodegradável, com uma produção anual de 70 mil toneladas para todo o comércio mundial.

“Só o Brasil consome por ano 160 mil toneladas de polietileno para fazer sacolas plásticas e, portanto, mesmo que a Basf destinasse toda sua produção para o Brasil ainda faltaria mais de 50% para atender nossa demanda”, afirma.

Além do problema da indisponibilidade, a coordenadora da campanha do MMA, Fernanda Daltro, afirma que a tecnologia Ecoflex, utilizada pela Basf para produzir sacolas biodegradáveis, não é garantia de que as sacolas vão se degradar naturalmente. Segundo ela, mesmo sendo biodegradável o produto exige o devido tratamento para adquirir condições favoráveis de degradação e de reabsorção total pela natureza.

Reportagem – Murilo Souza
Edição – Ralph Machado

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