Economia

Coordenador: aeroportos dependerão de “puxadinhos” para Copa

Em congresso, debatedores ressaltaram a importância de investimentos em infraestrutura, especialmente em hotéis e aeroportos, para a realização da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016.

01/12/2010 - 20:44  

Saulo Cruz
Impactos da Copa de 2014 e da Olimpíada de 2016 foi tema de seminário na Câmara.

A construção de “puxadinhos” será a única solução possível para que os aeroportos brasileiros atendam à demanda criada pela Copa do Mundo de futebol de 2014, segundo avaliação do coordenador do Comitê Paulista da Copa, Caio Luiz de Carvalho. “Até agora nada aconteceu, não teremos mais tempo. Isso atrapalha não apenas o evento, mas toda a economia brasileira”, afirmou.

Carvalho, que também é presidente da Empresa de Turismo e Eventos da Cidade de São Paulo (SPTuris), participou, na tarde desta quarta-feira, do XII Congresso Brasileiro da Atividade Turística (Cbratur), realizado pela Comissão de Turismo e Desporto em parceria com a Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo do Senado.

O coordenador justificou a necessidade de maiores investimentos em infraestrutura aeroportuária para fortalecer o turismo e, consequentemente, diminuir o desemprego no País. Dados da Organização Mundial de Turismo citados por Carvalho mostram que cada 7 mil dólares (cerca de R$ 12 mil) que ingressa em um destino turístico proporciona a manutenção de um emprego direto pelo período de um ano.

Perfil dos visitantes
De acordo com a consultora da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav), Karla Buzzi, os turistas recebidos pelo Brasil na Copa poderão ser bastante parecidos com os que foram ao Mundial da África do Sul, neste ano. Isso porque os dois países são parecidos na percepção dos estrangeiros – “estão distantes dos grandes centros e são considerados exóticos”.

Segundo Buzzi, dos torcedores que foram para a África – em sua maioria homens de alto poder aquisitivo – 87% o fizeram pela primeira vez, e 83% aproveitaram a viagem para fazer turismo adicional. “Permaneceram, em média, três dias além da copa. Temos esperança de que isso possa ocorrer também no Brasil”, frisou.

Hotéis
Para receber esse público, no entanto, o País também terá de melhorar muito sua rede hoteleira, ressaltou Caio Carvalho. Conforme o especialista, hoje os hotéis do Rio de Janeiro, por exemplo, já trabalham quase no limite de lotação. “Atualmente, a cidade conta com 19 mil quartos e terá mais 2.500 até 2014, o que não será suficiente”, destacou.

Em São Paulo, segundo Carvalho, a situação é ainda mais grave: “Não há um hotel em construção”. Como o tempo médio para a construção de hotel de padrão quatro estrelas chega a cinco anos, não haverá tempo de solucionar o problema, acrescentou.

Uma solução possível foi apresentada pelo vice-presidente executivo da Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos (Abremar), André Pousada: a utilização de navios de cruzeiros como meio de hospedagem. Segundo ele, essa opção foi utilizada nas Olimpíadas de Sidney (2000) e de Atenas (2004).

Planejamento
Carvalho lembrou ainda que eventos de grande porte como os previstos para o Brasil nos próximos anos (Copa de 2014 e Jogos Olímpicos de 2016) são custeados em sua maioria pelo setor público. Diante disso, ele ressaltou a importância de planejar os gastos. “A Copa vai deixar o povo muito mais feliz, por um lado, mas sem a certeza de qual será o legado”, disse. Pela manhã, os participantes do Cbratur haviam defendido uma maior parceria entre governo e iniciativa privada para a realização dos jogos.

O coordenador salientou que devem ser investidos R$ 6,2 bilhões apenas em estádios. “Muitos vão virar elefantes brancos, se não houver planejamento”, sustentou.

Se bem planejados e executados, no entanto, a Copa e a Olimpíada podem ser importantes para o Brasil, ressaltou Carvalho. Em sua opinião, a maior vantagem para o País é “retirar da gaveta” obras de infraestrutura importantes para a população.

Reportagem – Maria Neves
Edição – Marcelo Oliveira

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