06/06/2017 17:27 - Saúde
Radioagência
Deputados e gestores hospitalares apontam desafios para combater câncer no Brasil
A prevenção, o diagnóstico, o acesso ao tratamento e o financiamento foram alguns dos desafios apontados por deputados e gestores de hospitais no combate ao câncer no Brasil. O assunto foi tratado (nesta terça-feira, 6) em comissão geral no Plenário da Câmara dos Deputados.
Deputado que solicitou o debate, Caio Narcio, do PSDB de Minas Gerais, que perdeu familiares para a doença, destacou a rapidez do diagnóstico como primeiro passo para o sucesso do tratamento. Ocorre que muitas vezes o diagnóstico é tardio, dificultando o cumprimento da lei que determina o início do tratamento em até 60 dias após esse diagnóstico.
Segundo o diretor do Hospital do Câncer de Uberaba, Felipe Toledo Rocha, a realização de exames como uma colonoscopia, que pode indicar um câncer de intestino, é prejudicada pela falta de recursos.
"Quando se discute uma política de acesso, não podemos esquecer o diagnóstico. O tratamento é muito importante. Radioterapia, quimioterapia, medicamentos de altíssimo custo... Mas às vezes, num simples ultrassom, numa simples endoscopia ou numa simples colonoscopia, é onde está o segredo para esse paciente poder ter a chance de se curar e de superar esse câncer".
Outros participantes da comissão geral reclamaram da falta de informação dos pacientes, que não sabem como se prevenir, nem dos passos do tratamento. Foi por falta de informação que Melissa de Medeiros se surpreendeu ao ficar muda depois de uma cirurgia para retirada de laringe em decorrência de câncer. Ex-fumante, 45 anos de idade, Melissa ficou completamente muda durante dois anos. Hoje ela fala com o auxílio de um aparelho eletrônico que robotiza sua voz.
"Porque eu não recebi o diagnóstico correto em tempo".
Presente ao debate, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, admitiu que o Brasil não dispõe de recursos para dar tratamento a todos os brasileiros na ordem de tecnologia e de custos. Mas o País tem buscado outros caminhos, seja pelo investimento em prevenção ou pelo barateamento da produção de medicamentos.
"Já economizamos 3 bilhões e 200 milhões de reais nesse primeiro ano da gestão basicamente reduzindo preço de compra de medicamentos. E vamos avançar muito mais porque, quanto mais barato nós compramos o medicamento, mais acesso nós damos às pessoas, mais medicamentos nós compramos com o mesmo dinheiro."
Em outra frente, Ricardo Barros lembrou que o Brasil assumiu internacionalmente compromissos relativos à prevenção. São medidas que envolvem a redução de 30% em bebidas açucaradas ou o aumento em 17% no consumo de hortaliças e verduras até 2019, além da diminuição do sedentarismo e do tabagismo.
Ainda segundo o ministro, cada vez mais o tratamento tem sido descentralizado e os recursos para essa finalidade passaram de R$ 2,1 bilhões para R$ 3 bilhões por ano, desde 2010.
A cada ano, surgem aproximadamente 600 mil novos casos de câncer no Brasil, sendo os mais comuns o de pele, o de próstata, o de mama, o de pulmão e o de útero.