Leia o discurso do presidente do parlamento chinês

31/08/2006 - 13:02  

Exmo. Sr. Renan Calheiros, Presidente do Senado,
Exmo. Sr. Aldo Rebelo, Presidente da Câmara dos Deputados,
Senhoras e senhores, amigos:

Bom dia!

É uma grande satisfação vir até aqui, durante a minha visita oficial e amistosa ao vosso país, para me reunir com os velhos e novos amigos. Primeiro, gostaria de expressar a todos aqui presentes e através de vocês, ao povo brasileiro, as cordiais saudações e melhores desejos do povo chinês!
O Brasil é um país conhecido e apreciado pelo povo chinês. Esta é a minha segunda visita ao vosso bonito país, que possui vasto território, ricos recursos naturais, linda paisagem e um povo diligente, gentil, aberto e sociável. A sua fascinante floresta amazônica e o magnífico conjunto hidroelétrico de Itaipu fazem parte do orgulho nacional. O requintado futebol artístico, o aromático café brasileiro e a vibrante dança de samba encantaram o mundo inteiro. Vimos com mais satisfação ainda que, nos últimos anos, o Brasil conseguiu manter um desenvolvimento econômico vigoroso e uma coexistência étnica harmoniosa, elevando sua posição nos assuntos internacionais a cada dia. O povo chinês faz votos de coração pelos novos êxitos que o povo brasileiro obterá nesta terra bonita e rica.
Apesar de grande distância geográfica existente entre a China e o Brasil, os contatos amistosos entre os dois povos já vêm com uma longa tradição. A partir do início do Século 19, agricultores chineses de chá já atravessaram os vastos oceanos e chegaram ao Brasil. Eles estabeleceram uma sólida amizade com o povo local, que marcou o início dos contatos amistosos entre os dois povos. Poucos dias atrás, celebramos o 32º aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas. Nestes 32 anos, as relações sino-brasileiras se desenvolveram favoravelmente. Agora, o relacionamento entre a China e o Brasil está na sua melhor época da história.
No setor político, a China e o Brasil são parceiros estratégicos de confiança mútua. Os dois países realizaram freqüentes trocas de visitas de alto nível, que vêm aumentando a confiança política mútua. Também manifestamos compreensão e prestamos apoios mutuamente nas questões de interesse da outra parte. Os dois países compartilham visões idênticas ou semelhantes nas importantes questões internacionais e regionais, e mantiveram boas concertações e coordenações nos assuntos internacionais e regionais. Em 1993, durante a exitosa visita do Presidente Jiang Zemin ao Brasil, os dois países formalizaram o estabelecimento de uma parceria estratégica, que tornou o Brasil o primeiro país em desenvolvimento no contexto do estabelecimento da parceria estratégica com a China. Para promover ainda mais o desenvolvimento da parceria estratégica entre a China e o Brasil no novo século, o novo presidente Jiang Zemin realizou uma outra visita de trabalho ao Brasil em 2001. Em 2004, o presidente Hu Jintao e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva realizaram uma troca de visitas, definiram, em conjunto, os quatro princípios para orientar o desenvolvimento das relações bilaterais e decidiram formar uma Comissão de Alto Nível de Concertação e Cooperação entre a China e o Brasil. Foram assuntos que tiveram grandes e profundas influências no sentido de propulsar o desenvolvimento das relações sino-brasileiras. No mês de março passado, o vice-presidente José Alencar visitou a China e codirigiu a Primeira Reunião da Comissão de Alto Nível entre a China e o Brasil. Durante essa minha visita, a Assembléia Popular Nacional da China e a Câmara dos Deputados do Brasil assinalaram um acordo sobre o estabelecimento de um mecanismo de intercâmbio periódico. Com isso, a cooperação parlamentar entre a China e o Brasil entrou numa nova fase marcada por cooperações essenciais. Os contatos freqüentes entre os líderes dos dois países proporcionaram grandes avanços nas relações entre os dois Estados.
No setor econômico, a China e o Brasil são parceiros comerciais de posições iguais e benefícios recíprocos. Há uma grande complementaridade econômica entre a China e o Brasil. Portanto existe um sólido alicerce para cooperação, e uma grande potencialidade de desenvolvimento. O Brasil sempre tem sido o maior parceiro comercial da China na América Latina, enquanto a China, o maior parceiro comercial do Brasil na Ásia. Em 2005, o volume do comércio bilateral chegou a 14,817 bilhões de dólares americanos, um novo recorde histórico. De janeiro a junho deste ano, o volume de comércio bilateral chegou a 9,22 bilhões de dólares americanos, um crescimento de 51,2% em relação ao mesmo período do ano passado. Até o final de 2005, 89 empresas chinesas fizeram investimentos no Brasil, totalizando 199 milhões de dólares nos contratos assinados. Empresas chinesas já participaram de mais de 50 grandes projetos de engenharia, como sensoriamento remoto do território e dragagem de portos. Empresas brasileiras participaram da construção das Três Gargantas. As cooperações bilaterais de grande importância, nas áreas como produção de aço, alumínio, exploração de minério de ferro, produção de carvão fino, construção de gasoduto estão em diferentes fases de andamento. Para nossa maior satisfação, a composição de produtos no comércio bilateral está passando por mudanças essenciais. Aviões regionais brasileiros e outros produtos de alta tecnologia e alto valor agregado estão ganhando a preferência do mercado chinês, enquanto produtos chineses em eletrônicos e de telecomunicações já têm confiança dos consumidores brasileiros. O projeto de satélites de recursos terrestres, desenvolvido e operado em parceria entre a China e o Brasil, foi qualificado como "exemplo de cooperação Sul-Sul". Em novembro de 2004, o Brasil anunciou o reconhecimento do estatuto de Economia de Mercado da China, ato que não apenas enriqueceu o conteúdo da parceira estratégica, mas também abriu amplo espaço para o contínuo desenvolvimento de cooperações econômico-comerciais sino-brasileiras. Temos condições para acreditar que, com esforços convergentes dos dois lados, o objetivo de chegar a 20 bilhões de dólares americanos no comércio bilateral até o ano 2007 é absolutamente viável.
No setor cultural, a China e o Brasil são amigos íntimos nas cooperações e intercâmbios. Nos últimos anos, os intercâmbios bilaterais nas áreas de ciência e tecnologia, educação e cultura se tornaram cada vez mais ricos e diversificados. A Comissão Mista de Ciência e Tecnologia e a Comissão Mista Cultural já realizaram, respectivamente, 6 e 5 reuniões. Durante a Primeira Reunião da Comissão de Alto Nível entre a China e o Brasil, realizada ainda este ano, decidimos estabelecer uma Subcomissão para Educação. Em 2001, a China realizou no Brasil um exitoso Festival de Cultura Chinesa. Em 2003, o Presidente Lula presenciou no Brasil a Exposição das Terracotas de Xi`na e Tesouros da Cidade Proibida, que atraiu um público de mais de 700 mil brasileiros. Em 2004, ano da celebração do trigésimo aniversário das relações diplomáticas sino-brasileiras, o Brasil lançou na China uma série de atividades culturais, como a Exposição Nacional do Brasil. Entre estas atividades, a Exposição Amazonas, Tradição Nativa do Brasil, foi a maior e mais solene exposição estrangeira realizada no Museu da Cidade Proibida até hoje. Em novembro de 2004, o Brasil se tornou país-destino dos turistas chineses. A constante intensificação no intercâmbio pessoal e cultural entre os dois países ajudou a aumentar consideravelmente o conhecimento mútuo e a amizade entre os dois povos.
Para resumir, a parte chinesa está satisfeita com os resultados do desenvolvimento das relações sino-brasileiras. Gostaria de sublinhar aqui que o governo chinês atribui alta importância ao desenvolvimento das relações amistosas com o Brasil, que é visto sempre como um parceiro e amigo de coração. O objetivo da minha visita é justamente promover ainda mais o desenvolvimento da parceria estratégica sino-brasileira. Estou convicto de que, com os esforços conjuntos das duas partes, as relações sino-brasileiras terão um futuro ainda mais brilhante!

Senhoras e senhores, amigos:

Tive contatos com muitos amigos brasileiros de diferentes setores sociais, todos interessados no desenvolvimento da China. Aproveitando esta oportunidade, vou apresentar um pouco da situação na China. Propulsar a construção da modernização, realizar a reunificação da pátria e defender a paz e desenvolvimento comum do mundo são as três principais tarefas que a história e a época colocam nas mãos do povo chinês, e este, sob a liderança do Partido Comunista da China, está dedicando esforços nestas três causas grandiosas.
Primeiro, propulsar a construção da modernização socialista. No final dos anos 70 do século passado, a China começou a implantar a política de reforma e abertura, pleiteada pelo senhor Deng Xiaoping. Persistimos no caminho de socialismo com características chinesas e na construção plenidimensional de uma sociedade de vida modestamente confortável. O objetivo é construir na China um país socialistas moderno, que é ao mesmo tempo próspero, democrático e civilizado. Nos 28 anos seguintes, vimos dedicando toda a nossa atenção, energia e esforço na construção e na busca do desenvolvimento, assegurando a construção econômica como ponto central para alcançar este objetivo. Na área econômica, adotamos um sistema em que a propriedade pública ocupa uma posição dominante e diversas formas de propriedade se desenvolvem em conjunto. Estabelecemos um regime da economia de mercado socialista, formando uma nova estrutura de abertura ao exterior. Na área política, insistimos na liderança do Partido Comunista da China, no sistema da Assembléia Popular Nacional e seus aperfeiçoamentos, insistimos no sistema de cooperação multipartidário e de consulta política com a liderança do Partido Comunista da China e o sistema de autonomia étnica regional, e, ao mesmo tempo, promovemos ativa e cautelosamente a reforma do sistema político, no sentido de ampliar a base democrática e aperfeiçoar o sistema legal, para construir um estado socialista regido pelas leis. Tudo isso nos ajudou a superar os obstáculos estruturais que impediam o desenvolvimento econômico, estimulou o espírito ativo, participativo e criativo do povo chinês, acelerando os passos de desenvolvimento da China. De 1978 a 2005, o PIB chinês cresceu a uma taxa média anual de 9,6%, subindo de 216,5 bilhões de dólares para 2,23 trilhões, mais de dez vezes de diferença, e hoje ocupa o quarto lugar do mundo; o PIB per capita cresceu de 226 dólares para acima de 1.700, quase sete vezes maior; o comércio internacional da China, que subiu de 20,6 bilhões de dólares para 1,42 trilhões, crescimento de 67 vezes, já está no terceiro lugar no mundo; a reserva internacional aumentou de 167 milhões de dólares para 818,9 bilhões; e a população que vive em pobreza nos campos caiu de 250 milhões para 23,65 milhões. A vida do povo chinês, de um modo geral, está em um nível modestamente confortável. Temos confiança de que, apesar de todas as dificuldades e diferentes tipos de desafios no caminho pela frente, a modernização socialista certamente se tornará realidade, desde que persistamos determinadamente na direção de socialismo com característica chinesa, caminho escolhido pelo próprio povo chinês.
Terceiro, defender a paz mundial e promover o desenvolvimento comum. A China é uma nação amadora da paz, e o desenvolvimento da China é um desenvolvimento pacífico. A China é membro responsável da família internacional. Sempre adota uma política externa pacífica de independência e autodeterminação, portanto é permanentemente força inabalável na defesa da paz mundial e promoção do desenvolvimento comum. O povo chinês, junto com os povos de todos os países do mundo, promove ativamente a multipolarização mundial e a democratização nas relações internacionais, e propulsa a globalização econômica a se desenvolver em prol da prosperidade comum. A China defende ativamente o multilateralismo, defende o estabelecimento de um novo conceito de segurança sob princípio de confiança recíproca, benefício mútuo, igualdade e cooperação, opõe-se à hegemonia e à política de força, opõe-se ao terrorismo de qualquer forma, e trabalha para que a ordem internacional se desenvolva em uma direção mais justa e justificável. Hoje, a China tem relações diplomáticas com 168 países do mundo, entre os quais parcerias de diversas formas com 21 países. A China participa ativamente do processo de cooperação regional, e já é membro importante de mecanismos como a Organização de Cooperação Econômica da Ásia e Pacífica, a Apec, da Organização de Cooperação de Shangai e do Mecanismo de 10+3 com os países sudeste-asiáticos. A China fundou, respectivamente com os países africanos e com os países árabes, o Fórum de Cooperação China-África e o Fórum de Cooperação China-Arábia. Na América Latina, estabeleceu mecanismos de diálogo e consulta com o Grupo do Rio e o Mercosul. Na Europa, acertou um mecanismo de cúpulas periódicas com a União Européia. A China é assinante de mais de 300 tratados multilaterais ou internacionais, incluindo o Tratado de Não-Prolifreração Nuclear. É membro de 130 organizações intergovernamentais, desempenhando um papel construtivo na manutenção da paz mundial e promoção do desenvolvimento comum. Além disso, a China atribui alta importância à proteção do meio ambiente e é um dos dez primeiros países no mundo que aprovaram a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. Para construir uma sociedade que economiza os recursos naturais e convive harmoniosamente com o meio ambiente, definimos um objetivo que visa reduzir, nos próximos cinco anos, o consumo energético por cada unidade de PIB em 20% e diminuir a emissão de principais substâncias poluentes em 10%, entre outros. A China participa ativamente das missões de paz da ONU, das cooperações internacionais no combate à droga, ao terrorismo e aos crimes transnacionais, bem como as causas comunitárias como prevenção e redução de desastres naturais e a filantropia internacional. Equipes de resgate da China trabalhando com dedicação, esquecendo a própria segurança, são sempre vistas no local de graves desastres naturais em diversos países e regiões do mundo.
Segundo, concluir a reunificação da pátria. No final do século passado, a China reassumiu seguidamente o exercício de soberania em Hong Kong e Macau, seguindo o grande conceito de "um país, dois sistemas", arquitetado pelo senhor Deng Xiaoping. Agora, a questão de Taiwan é a única peça que falta para completar a reunificação do país.
Taiwan sempre tem sido território da China desde tempos antigos. Os primeiros habitantes de Taiwan vieram do continente da China. Desde meados do século 12, governos centrais da China já começaram a exercer jurisdição sobre Taiwan. Em meados do século 17, colonizadores holandeses invadiram e ocuparam Taiwan até o ano 1662, quando a China recuperou Taiwan. Em 1895, o Japão ocupou Taiwan com força, passando por cima do então governo da dinastia Qing. Em 1945, ao término da Segunda Guerra Mundial, a China recuperou a sua soberania sobre Taiwan de acordo com a Declaração de Cairo e o Comunicado de Potsdam.
A questão de Taiwan teve sua origem na guerra civil da China, que percorreu a segunda metade dos anos 40 do século passado. Por diversas razões complicadas, os dois lados do Estreito de Taiwan não foram unificados até hoje, mas isso não muda o fato de que o Continente e Taiwan pertencem à única China. O governo da República Popular da China, como o único governo representando todo o povo chinês, é amplamente reconhecido pela ONU e por inúmeros países do mundo há muito tempo.
A posição básica que o governo chinês adere na solução da questão de Taiwan é de "Reunificação Pacífica e Um País, Dois Sistemas", que foi pleiteada pelo senhor Deng Xiaoping, e que ao longo do tempo vem se enriquecendo e desenvolvendo. Em 30 de janeiro de 1995, o presidente Jiang Zemim fez seus "Oito Pontos de Proposta" para desenvolver as relações no Estreito de Taiwan e propulsar o processo da reunificação pacífica do país. Em 4 de março de 2005, o presidente Hu Jintao lançou quatro sugestões para desenvolver relações no Estreito na nova conjuntura. Também naquele mês, a Assembléia Popular Nacional aprovou a Lei Anti-Secessão do país, fixando nossa posição e política na solução da questão de Taiwan por meios legislativos. Isso demonstrou a nossa consistente disposição em busca da reunificação pacífica com maior sinceridade e todo esforço e, ao mesmo tempo, mostrou a vontade comum e determinação inabalável de todo o povo chinês de defender a soberania nacional e integridade territorial, não permitindo aos grupos separatistas de "Independência de Taiwan" desligar Taiwan da China sob nenhum pretexto e em nenhuma forma. Por muito tempo, vimos dedicando incansáveis esforços no sentido de desenvolver as relações no Estreito e promover a reunificação pacífica, sob o princípio básico de "Reunificação Pacífica e Um País, Dois Sistemas". No final do ano 1987, esses esforços resultaram na quebra da situação de impasse que separou os compatriotas dos dois lados por 38 anos, ato que propulsou as relações no Estreito a se desenvolver na direção de paz e estabilidade.

1 - Promover energicamente conversações e negociações entre os dois lados do Estreito com pé de igualdade. Para nós, a reunificação pacífica nunca foi um formato em que uma parte absorve a outra, mas sim um formato em que as duas partes, em posições iguais, negociam os assuntos da reunificação. Sob a pré-condição de "Uma Só China", tudo pode ser tema de negociação. Em novembro de 1992, a Associação para Relações no Estreito de Taiwan, do Continente, e a Fundação para Intercâmbio no Estreito, de Taiwan, realizaram uma negociação e chegaram ao Consenso de 92, cujo espírito essencial é o princípio de "Uma Só China". A Conversação Wang Daohan-Kuo Chenfu, que se realizou com sucesso em abril de 1993, foi um importante passo histórico na promoção do desenvolvimento das relações no Estreito. Em 2005, convidamos líderes de partidos políticos de Taiwan que reconhecem o Consenso de 92, opõem-se à independência de Taiwan e defendem o desenvolvimento das relaçoes no Estreito a realizarem visitas históricas ao Continente. De uma maneira abrangente e profunda, trocamos opiniões sobre o melhoramento e desenvolvimento das relações entre os dois lados do Estreito, e chegamos a importantes pontos de consenso, abrindo um novo capítulo do desenvolvimento das relações do Estreito. No mês de abril passado, realizamos o primeiro fórum econômico-comercial entre os dois lados do Estreito, que teve uma importante influência no sentido de promover o desenvolvimento das relações econômico-comerciais e consolidar a paz e estabilidade na região do Estreito de Taiwan.

2 - Promover energicamente intercâmbios e cooperações econômicas no Estreito de Taiwan. No dia 1º de janeiro de 1979, a Assembléia Popular Nacional publicou uma Carta aos Compatriotas de Taiwan, propondo realizar rapidamente a conexão direta de correio, transporte e comércio no Estreito. Depois disso, elaboramos uma série de leis, regulamentos e políticas, como o Regulamento para Encorajar Investimentos de Compatriotas de Taiwan, a Lei de Proteção aos Investimentos de Compatriotas de Taiwan e seu Detalhe de Implementação, Medidas Administrativas no Comércio com a Região de Taiwan, Medidas Administrativas na Navegação entre os Dois Lados do Estreito de Taiwan, Medidas Administrativas no Comércio de Pequeno Valor com a Região de Taiwan, etc. Aumentamos, passo a passo, a permissão para espécies de fruta, legume e pesca de Taiwan a entrar no mercado do Continente, algumas até com isenção de imposto alfandegário. Autorizamos a criação de zonas experimentais para cooperação agrícola entre os dois lados e fazendas incubadoras para agricultores de Taiwan, e alocamos verbas especiais como empréstimos subsidiados às empresas com investimento de Taiwan no Continente. Com esforços convergentes de compatriotas dos dois lados, a cooperação econômica-comercial no Estreito passou por um constante período de desenvolvimento. Em 1978, o comércio no Estreito era de apenas 46 milhões de dólares americanos, mas já chegou a 91,23 bilhões dem 2005, quando Taiwan ficou com um superávit de 31,8 bilhões. O Continente já aprovou mais de 68 mil projetos de investimento de Taiwan, com valor de 42,07 bilhões de dólares já utilizados. Entre as mais de 1.200 empresas de capital abeto em Taiwan, quase metade já tem investimento e negócio no Continente.

3 - Encorajar ativamente a circulação de pessoas e intercâmbios em diversas áreas como a cultura. Implantamos uma série de políticas que visam promover intercâmbios entre as sociedades civis nos dois lados do Estreito e adotamos constantemente medidas para facilitar a entrada e saída de compatriotas de Taiwan. Reduzimos, em grande escala, as limitações para um cidadão de Taiwan obter empregos no Continente, igualizamos a taxa de matrícula para alunos de Taiwan e do Continente que estudam nas mesas universidades e institutos do Continente, e estabelecemos bolsas especiais para alunos universitários que vêm de Taiwan. Promovemos a realização de vôos diretos fretados por ocasião da Festa de Primavera Chinesa, autorizamos o sobrevôo de linhas comerciais periódicas de diversas companhias aéreas de Taiwan no espaço aéreo da parte continental, e prolongamos a permissão da permanência de jornalistas de Taiwan no Continente, entre outras medidas. Do final de 1987 até hoje, o motivo de viagem de compatriotas de Taiwan para o Continente vem se ampliando de visita a parentes para investimento, negócio, turismo, estudo e trabalho. Intercâmbios entre os dois lados nas áreas como cultura, educação, ciência, saúde e esporte floresceram vigorosamente. Num período de 20 anos, calcula-se que 38 milhões de cidadãos de Taiwan já visitaram o Continente, e 1,2 milhão de cidadãos do Continente visitaram Taiwan, entre os quais 30 mil delegações de intercâmbio. Em 2005, mais de 4 milhões de cidadãos de Taiwan visitaram o Continente e 160 mil do Continente foram a Taiwan. As ligações telefônicas entre os dois lados do Estreito somaram 2 bilhões de minutos, ocupando, respectivamente, o segundo e o primeiro lugar nas ligações externas do Continente e de Taiwan.

O desenvolvimento das relações no Estreito de Taiwan trouxe benefícios reais para os compatriotas dos dois lados. Na situação atual do Estreito, fatores positivos em favor da retenção das forças separatistas da chamada "independência de Taiwan" e suas atividades estão aumentando, e as relações no Estreito mostram uma tendência de desenvolvimento na direção da paz e estabilidade. Do outro lado, a fonte de tensão nas relações no Estreito ainda não foi eliminada. As atividades separatistas da "independência de Taiwan" constituem o maior obstáculo no desenvolvimento das relações entre os dois lados e na reunificação pacífica da China e, portanto, a maior ameaça à paz e estabilidade na região do Estreito de Taiwan. Conter e lutar contra as atividades separatistas da "independência de Taiwan", defender a soberania nacional e integridade territorial é responsabilidade comum de toda a nação chinesa, incluindo os compatriotas de Taiwan.
O senhor Sun Zhongshan, pioneiro da revolução chinesa, uma vez disse: "O conceito de que a China é um país unificado já está profundamente enraizado na consciência histórica da nação chinesa. É justamente por causa deste conceito que a China, ao longo da história, conseguiu se preservar como um país íntegro". É da nossa grande convicção que, com os esforços convergentes de toda a nação chinesa, incluindo os compatriotas dos dois lados do Estreito e os chineses ultramarinos, a reunificação completa da China é um objetivo absolutamente alcançável.
Aproveitando esta oportunidade, agradecemos os países da América Latina, inclusive o Brasil, que há muito tempo oferecem ao povo chinês apoios preciosos no seu processo de reunificação. Esperamos que esses países continuem a apoiar o povo chinês na luta contra as atividades separatistas da "independência de Taiwan" e na causa da reunificação do país.

Senhoras e senhores, amigos:

O Brasil é o primeiro destino da minha visita à América Latina. A distância entre a América Latina e a China é grande, mas a partir do século 16, pioneiros do comércio entre a China e a América Latina já atravessaram mares ondulosos, iniciando uma rota conhecida como Caminho de Seda Marítimo. No início do século 19, centenas de milhares de trabalhadores chineses chegaram à terra da América Latina e, junto com o povo latino-americano, construíram ferrovias, escavaram canais, exploraram minérios e trabalharam nos campos canavieiros, irrigando esta terra fascinante com seu próprio suor. Na história recente, tanto a China quanto a América Latina sofreram invasões estrangeiras, e lutaram arduamente pela independência nacional, libertação do seu povo e realização, pela democracia e liberdade. Hoje, tanto o povo chinês como o povo latino-americano encaram árduas tarefas comuns de desenvolver a economia e melhorar a vida do povo. A idêntica história e o objetivo do desenvolvimento ligaram estreitamente os povos da China e dos países da América Latina. Vimos com satisfação que, com esforços conjuntos dos dois lados, sementes da cooperação amistosa entre a China e a América Latina já cresceram para árvores cheias de frutos.
A China estabeleceu relações diplomáticas com 21 países da América Latina e do Caribe. Nos últimos 10 anos, 74 chefes de estado, presidentes do Congresso e chefes do governo da região da América Latina visitaram a China, enquanto líderes chineses estiveram em 19 países latino-americanos. A partir de 1990, realizaram-se 15 diálogos ao nível de ministro das Relações Exteriores entre a China e o Grupo do Rio. De 1997 até agora, fizemos cinco diálogos com o Mercosul. Além disso, a China estabeleceu mecanismos de consulta pública e cooperação com a Comunidade Andina e países que mantêm relações diplomáticas com a China no Caricom, e realizamos diversas consultas. A China já entrou formalmente no Banco do Desenvolvimento do Caribe e é observadora das organizações como Cepal, Aladi, BID e OEA. A China já subiu para o terceiro maior parceiro comercial da América Latina. De 2000 para cá, o comércio entre a China e a América Latina cresceu mais de 3 vezes, chegando a 50,4 bilhões de dólares americanos em 2005. Até o final do ano de 2005, a China já investiu 8,93 bilhões de dólares na América Latina e no Caribe. Treze países da América Latina já reconheceram o estatuto da economia de mercado da China. Dezessete países já se qualificaram como países-destino para turistas chineses.
Intensificar a união e a cooperação com os países em desenvolvimento, incluindo os países latino-americanos, sempre tem sido alicerce da política externa independente, autodeterminada e pacífica da China. Sob a nova conjuntura mundial, caracterizada pelo desenvolvimento incessante da multipolarização e globalização econômica, a contínua intensificação de cooperação amistosa entre a China e a América Latina não apenas corresponde aos interesses fundamentais dos dois lados, mas também favorece o desenvolvimento comum da China e da América Latina, favorece a cooperação sul-sul e favorece a promoção da paz e desenvolvimento do mundo. Vamos trabalhar, junto com os países latino-americanos, para materializar os pontos de consenso entre o presidente Hu Jintao e os líderes dos países latino-americanos, durante a visita do presidente Hu Jintao à América Latina em novembro de 2004, elevando as relações entre a China e a América Latina a uma nova altura. Para tal finalidade, faço cinco pontos de sugestões:
Primeiro, aprofundar a confiança política mútua, reforçando a base política de cooperações entre a China e a América Latina. Nos últimos anos, líderes chineses visitaram a América Latina por várias vezes, e muitos líderes latino-americanos vieram visitar a China seguidamente, o que promoveu o pleno desenvolvimento das relações inter-estatais. Devemos manter essa tendência de visitas mútuas de alto nível, aprofundando o relacionamento da confiança e da cooperação entre os líderes, promovendo energicamente intercâmbios em diferentes níveis governamentais, partidários e parlamentares de uma maneira profunda, ampliando constantemente o consenso. A parte chinesa está disposta a continuar intensificando e aprofundando diálogos e cooperações com as principais organizações regionais como o Grupo do Rio, o Mercosul e a Comunidade Andina. Temos vontade de estabelecer e desenvolver relações inter-estatais normais e amistosas com todos os países da América Latina e do Caribe, baseadas nos Cinco Princípios de Coexistência Pacífica.
Segundo, promover cooperações de benefício mútuo, consolidando a base econômica da amizade entre a China e a América Latina. A China e a América Latina são as regiões economicamente mais dinâmicas no mundo de hoje e demonstram uma grande complementaridade econômica recíproca. Acompanhando o rápido crescimento econômico, as perspectivas de cooperação bilateral se ampliam cada vez mais. As duas partes devem, sob o princípio de igualdade e benefício mútuo e aproveitando vantagens relativas de cada um, aprimorar ainda mais a composição do comércio, intensificar cooperações empresariais, ampliar paulatinamente investimento mútuo, renovar constantemente formas de cooperação, fazendo esforço no sentido de melhorar a qualidade e elevar o nível da cooperação econômico-comercial. As duas partes devem adotar atitudes positivas, lidar com as novas condições e tratar dos novos problemas a surgir na cooperação econômico-comercial com visões desenvolvimentistas, criando uma situação de benefício mútuo em que todos ganham.
Terceiro, ampliar e diversificar intercâmbios pessoais e culturais, fortalecendo a base social da amizade entre a China e a América Latina. A cultura chinesa tem uma longa tradição histórica, enquanto a cultura latino-americana possui características únicas. Ambos são jóias preciosas na família da cultura mundial. A intensificação de intercâmbios pessoais e culturais não apenas favorece o aumento de conhecimento mútuo, mas também favorece a promoção do progresso da civilização humana. Nos últimos anos, exposições culturais organizadas tanto pela China como pelos países latino-americanos têm sido bem recebidas no outro lado, o número de jovens estudantes que deseja estudar na outra parte cresceu rapidamente, e a Festa de Fraternidade Juvenil entre a China e a América Latina teve sucessos sem precedentes. Tudo isso mostra a grande vontade dos dois lados em aumentar o conhecimento mútuo e intensificar intercâmbios. No futuro, podemos ampliar e aprofundar intercâmbios e cooperações pessoais e culturais através de formas como o estabelecimento de centros de cultura e da difusão da língua, promoção de cooperações educacionais e turísticas, intensificação de intercâmbio de mídia, iniciativas para estimular contatos da geração jovem, etc., a fim de repassar a amizade entre a China e a América Latina de geração para geração.
Quarto, intensificar intercâmbios parlamentares, injetando novo vigor no desenvolvimento das relações entre a China e a América Latina. Intercâmbios parlamentares, como parte importante na composição das relações inter-estatais, desempenham um papel imprescindível no aumento da confiança política mútua, aprofundamento do conhecimento mútuo e da amizade entre os povos, promoção de cooperações pragmáticas e propulsar o pleno desenvolvimento das relações inter-estatais. A Assembléia Popular Nacional da China mantém bons intercâmbios com parlamentos de diferentes países latino-americanos, é observadora do Parlamento Latino-Americano, o Parlatino, e já estabeleceu mecanismos de intercâmbio periódico com parlamentos do Brasil e do Chile. Na atualidade, as duas partes devem diversificar as formas e enriquecer o conteúdo das cooperações e, aproveitando as funções constitucionais e vantagens relativas de cada um, servir à tarefa central do desenvolvimento das relações inter-estatais. Promover com esforço cooperações pragmáticas e melhorar a eficácia do intercâmbio parlamentar, acrescentando novo conteúdo e injetando novo vigor ao pleno desenvolvimento das relações entre a China e a América Latina.
Quinto, afinar consultas e coordenações nos assuntos internacionais, defendendo, em conjunto, interesses dos países em desenvolvimento. Não existem disputas históricas nem conflitos de interesses fundamentais entre a China e a América Latina. Ao contrário, nos assuntos internacionais, a China e a América Latina compartilham amplos interesses comuns e boas bases de cooperação. A China está disposta a concertar posições e coordenar estreitamente com os países latino-americanos nas importantes questões internacionais e regionais, no sentido de defender juntos interesses coletivos dos países em desenvolvimento, promover a democratização das relações internacionais, propulsar o estabelecimento de uma nova ordem político-econômica internacional que é justa e justificável. Na qualidade de membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, a China vai continuar, como sempre, a apoiar demandas e exigências justas dos países em desenvolvimento, incluindo dos países latino-americanos, promovendo a união e cooperação no mundo em desenvolvimento.

Senhoras e senhores, amigos:

Em poucos dias, o Brasil vai comemorar seus 184 anos da Independência. Nesta oportunidade, gostaria de expressar, em nome do governo e do povo chinês, e no meu próprio, as sinceras congratulações e melhores desejos ao povo brasileiro. Formulo votos pela prosperidade da República Federativa do Brasil, e votos pela longevidade da amizade entre o povo chinês e o povo brasileiro!

Muito obrigado!

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