Educação, cultura e esportes

Atletas destacam reestruturação da Confederação Brasileira de Taekwondo

12/11/2019 - 20:48  

Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
Natália Falavigna: confederação tinha dívida de R$ 6 milhões e não recebia verba da Lei Piva

Em audiência na Câmara dos Deputados, atletas olímpicos apresentaram nesta terça-feira (12) exemplos de reestruturação de confederações esportivas. A medalhista olímpica e hoje diretora técnica da Confederação Brasileira de Taekwondo, Natália Falavigna, relatou as melhorias ocorridas após uma situação de quase desmonte desse esporte no País.

Em novembro de 2016, a Justiça determinou o afastamento do então presidente da Confederação Brasileira de Taekwondo, Carlos Fernandes, e de outros membros da diretoria, que passaram a responder por peculato, associação criminosa e fraude em licitações e documentos.

“A confederação tinha R$ 6 milhões em dívida, estava sem receber recursos da Lei Piva, estava sem as certidões negativas junto ao ministério. Além disso, tinha 33 apontamentos no Serasa, fora todo o contexto conturbado, fora a falta de regulamento, de regras e tudo mais que vocês possam imaginar. A partir daí, a gente começou a reestruturar uma confederação”, disse Falavigna.

Autor das denúncias, o campeão pan-americano Diogo Silva, hoje membro da recém-criada comissão de atletas da Confederação Brasileira de Taekwondo, comemorou a construção de uma nova cultura em que as decisões não são mais tomadas de portas fechadas.

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Diogo Silva: todas as decisões eram tomadas sem que o atleta sequer fosse consultado

“Eu entrei na seleção brasileira com 19 anos. Eu saí aos 30 e continuei competindo até os 34 anos. A primeira vez que pude participar de uma assembleia geral, que é onde se tomam as decisões do que vai acontecer comigo ou com os atletas, foi aos 36 anos. Passei a minha carreira toda sem saber como funciona politicamente uma gestão, qual é o recurso, como ele é direcionado, e sem poder discutir isso. Todas as decisões eram tomadas sem que o atleta sequer fosse consultado. No ano de 2018, temos a primeira assembleia aberta ao público. Isso é um avanço histórico dentro da nossa gestão”, declarou Silva.

Natália Falavigna e Diogo Silva participaram da sexta audiência pública da Comissão do Esporte sobre a preparação para os Jogos Olímpicos de Tóquio. Os deputados já ouviram dirigentes e atletas de 27 confederações esportivas sobre gestão, resultados e expectativas para 2020, além da formação e atuação das comissões de atletas. Durante os encontros, o saneamento na gestão tem sido uma constante, em um cenário em que a confederação de taekwondo não é a única a ter enfrentado o afastamento de dirigentes.

Esgrima
Os bons ventos de mudança ainda não alcançaram a Confederação Brasileira de Esgrima, segundo a representante da comissão de atletas, Silvia Rothfeld. Entre os problemas apontados estão a perpetuação das mesmas pessoas no poder e uma transparência que só existe no papel.

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Silvia Rothfeld: transparência da Confederação Brasileira de Esgrima só existe no papel

“A esgrima fez parte de todas essas investigações junto com o taekwondo, que eram denúncias minhas. O plano de gestão, ética e transparência está muito bonito dentro do COB [Comitê Olímpico do Brasil]. As exigências estão acontecendo dentro das confederações, mas efetivamente isso está mudando? Olha o histórico do nosso presidente. Ele era vice do anterior e se candidata. Essa perpetuação dos poderes que não dá mais”, afirmou.

Exemplos de má gestão do esporte não estão restritos ao Brasil. A Associação Internacional de Boxe foi suspensa pelo Comitê Olímpico Internacional e não poderá fazer a gestão da modalidade em Tóquio. A entidade enfrenta acusações de má administração.

A audiência foi realizada por iniciativa do deputado Luiz Lima (PSL-RJ).

Reportagem – Verônica Lima
Edição – Pierre Triboli

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