Câmara presta homenagem pelo centenário de João Goulart
20/03/2019 - 18:54

A Câmara dos Deputados realizou sessão solene nesta quarta-feira (20) para homenagear os 100 anos do ex-presidente João Belchior Marques Goulart, o Jango, deposto por um golpe civil-militar em abril de 1964.
Em discurso lido em Plenário, o presidente da Casa, deputado Rodrigo Maia, relembrou o contexto histórico do país quando Jango assumiu a Presidência e quando foi obrigado a se exilar no Uruguai, exílio este que durou até a sua morte, em 1976.
Maia ressaltou que nenhum homem político obtém reconhecimento unânime, sendo o julgamento da história o único capaz de fazer justiça. “Em 2013, o Congresso Nacional anulou tanto a cassação dos seus direitos políticos, como a sua deposição da Presidência da República. Aos poucos a memória de João Goulart e seu sacrifício pessoal vão sendo revistos”, declarou.
Herói da Pátria
O deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS), um dos autores do requerimento para a realização da solenidade, pretende atribuir a João Goulart o título de “Herói da Pátria”. O parlamentar mencionou projeto de sua autoria (PL 1906/15) que atualmente aguarda designação de relator na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania para a inclusão de Jango no Livro dos Heróis da Pátria.
Pompeu de Mattos salientou a trajetória política do homenageado, além de relembrar a luta pela democracia, a busca por reformas e independência do político nas relações exteriores. “Como presidente, as relações internacionais se deram de forma altaneira e pujante. Jamais Jango se ajoelhou para os países estrangeiros”. Ele acrescentou que o legado de João Goulart influencia o pensamento da esquerda até hoje.
O deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA) fez menção à herança histórica do presidente João Goulart e a importância de se traçar um paralelo entre o ocorrido em 1964 e o momento atual. E mencionou trecho da fala de Jango em comício realizado a 13 de março daquele ano: “A democracia que eles desejam impingir a nós é a democracia antipovo, do antissindicato, da antirreforma, ou seja, aquela que melhor atenda aos interesses dos grupos a que eles seguem e representam”.
Neto de Jango, Cristhopher Goulart (suplente de senador pelo PDT do Rio Grande do Sul) reconheceu a relevância do resgaste da memória de seu avô: “Nesses 100 anos, o que nós temos aqui é a capacidade de reflexão e justamente reavaliarmos as nossas posições e apontarmos para os ensinamentos do presidente João Goulart, que são as reformas de base, estas sim um indicativo de futuro, de libertação desse País”, declarou.
Reportagem - Karina Berardo
Edição – Roberto Seabra