Presidente de associação diz que Correios maquiaram contas de débito com Postalis
20/08/2015 - 13:03 • Atualizado em 20/08/2015 - 16:36

O presidente da Associação dos Profissionais dos Correios (Adcap), Luiz Alberto Barreto, acusou há pouco o Ministério do Planejamento de ter mudado a orientação dada à direção dos Correios para deixar de pagar um saldo devedor com o fundo Postalis. O saldo decorria da transição, em 2008, do plano BD Saldado para o PostalPrev – ambos planos de previdência do Postalis.
Segundo Barreto, durante sete anos os Correios vinham realizando o pagamento de débitos acumulados com o Postalis, da ordem de cerca de R$ 28 milhões por mês. “Eu atribuo a decisão de parar de repassar os recursos ao fundo a uma jogada política”, disse Barreto, ressaltando que, com a decisão, os Correios teriam contabilizado os débitos acumulados como crédito em seu último balanço.
“Pode-se dizer então que a direção dos Correios fez uma espécie de ‘pedalada’ neste caso”, ironizou o presidente da CPI dos Fundos de Pensão, depuado Efraim Filho (DEM-PB).
O representante dos funcionários dos Correios disse ainda ter sido vítima de ameaça por conta do depoimento que presta à CPI. “Saindo da Adcap para vir à CPI, ouvi alguém passando por mim e dizendo: “cuidado com o que você vai falar lá, você tem vida”.
Os deputados Samuel Moreira (PSDB-SP) e Luiz Carlos Busato (PTB-RS) questionaram Barreto sobre outros fatos relevantes de gestão temerária ou de improbidade identificados pela entidade no Postalis.
“Nosso trabalho é muito limitado. O que nos encontramos é o mesmo nome [de fundos de investimento] em algumas aplicações. O balanço do Postalis fala de forma genérica, não diz quanto foi investido em cada lugar. Não diz, por exemplo: foram investidos tantos reais na bodega do Sr. Manoel”, exemplificou.
Críticas ao conselheiro
Busato também questionou Barreto sobre a atuação do conselheiro indicado pela Adcap para o Postalis, Sergio Bleasby. “É estranho ser eleito, ir pra lá e não trazer mais informações para vocês?”, indagou.
O deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS) também questionou o voto do conselheiro que aprovou as contas do fundo, contrariando interesses da Adcap. “Depois de fazer isso, ele veio se explicar a vocês. Mas será que não seria o caso de um impeachment desse conselheiro, que está lá para representar vocês e vota contra vocês no conselho do fundo?”, ironizou.
Em reposta, Barrero disse que realmente a decisão de Bleasby não expressou o sentimento e a vontade da maioria dos participantes e assistidos. No entanto, segundo ele, Bleasby se comprometeu a ouvir previamente os dirigentes da entidade nas próximas oportunidades.
Em nota enviada à Agência Câmara, a assessoria de imprensa dos Correios afirma que "os Correios cumprem e sempre cumpriram todas as determinações legais e normativas que cabem ao patrocinador em relação a um fundo de pensão".
A reunião ocorre no plenário 3.
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Reportagem - Murilo Souza
Edição - Patricia Roedel