Relator da CPI da Petrobras questiona política de segurança empresarial da estatal
30/06/2015 - 12:10

O relator da CPI da Petrobras, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), questionou há pouco a credibilidade da segurança empresarial da estatal. Luiz Sérgio lembrou que foram investidos, recentemente, R$ 3,9 bilhões no setor e se disse surpreso que aportes tão significativos não tenham resultado em proteção efetiva de informações da petrolífera.
“Essa segurança empresarial que cuida de informações nunca ouvia, sabia ou percebia nada, mesmo com todo esse investimento em segurança da informação?”, questionou o relator, citando o caso de documentos sigilosos da Petrobras que foram encontrados na SBM Offshore, na Holanda.
“Mesmo com vultosos investimentos o sistema de segurança é falho, uma vez que permite que documentos sigilosos vão parar em uma empresa na Holanda?”, perguntou Luiz Sérgio ao ex-gerente de Segurança Empresarial da estatal Pedro Aramis, que depõe neste momento na CPI.
Segundo Aramis, de fato, os documentos foram encontrados durante visita a Holanda da comissão interna de investigação da Petrobras, da qual ele fez parte. “Nessa visita nós identificamos dois documentos sigilosos que não deveriam estar de posse dessa empresa. Levantamos quem poderiam ser os responsáveis. Mas não identificamos o caminho da mensagem ao sair da Petrobras até a empresa holandesa”, disse.
Ele acrescentou que provavelmente os documentos foram salvos em um dispositivo móvel como um pen drive e, em seguida, ou enviados por e-mail ou impressos e posteriormente enviados via correio. “Há como controlar quem tem acesso a informações da empresa, mas não tem como controlar o que cada um faz com essas informações”, disse o ex-gerente de Segurança da Petrobras.
Indícios
Ainda de acordo com Aramis, os trabalhos da comissão interna de investigação apontaram para cinco indícios de que alguma coisa errada ocorreu. “O primeiro indício foi o valor pago em comissão, cerca de R$ 130 milhões, à mesma empresa. O segundo é que isto estava distribuído em mais de uma empresa. Terceiro, algumas [empresas] estavam nas ilhas Virgens Britânicas. Quatro, havia um empregado corrupto da empresa aqui no Brasil. Apesar disso, não conseguirmos, usando instrumentos legais disponíveis, ir além disso”, lamentou Aramis.

Segundo o advogado inglês Jonathan Taylor, ex-funcionário da SBM, a empresa pagou 139 milhões de dólares em comissões ao empresário Júlio Faerman, ex-representante da SBM no Brasil, e 2/3 deste total teriam sido usados para o pagamento de propina a diretores da estatal.
No ano passado, a SBM aceitou pagar 240 milhões de dólares em acordo com o Ministério Público da Holanda como punição por pagamentos de propina ocorridos entre 2007 e 2011 no Brasil, na Guiné Equatorial e em Angola.
“A Petrobras pagava percentagem variáveis de 1 a 5%. Em geral 1 % era depositado ou pago a Faercom ou a OilDrive, o restante era depositado em nome de 4 empresas que o senhor Faerman mantinha nas Ilhas Virgens Britânicas. E isso foi informado ao Ministério Público Federal”, explicou Aramis, que continua respondendo a perguntas do relator da CPI.
A comissão prossegue reunida no plenário 3.
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Reportagem - Murilo Souza
Edição - Natalia Doederlein