Política e Administração Pública

Legatti diz à CPI desconhecer João Vaccari e Alberto Youssef

31/03/2015 - 18:06  

Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras nesta terça-feira (31), o ex-gerente geral da Refinaria Abreu e Lima, Glauco Legatti, disse que não conhece o doleiro Alberto Youssef, outro delator da Operação Lava Jato, ou o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, acusado de receber propinas de empresas contratadas pela Petrobras.

Ele admitiu conhecer os ex-diretores Paulo Roberto Costa (Abastecimento) e Renato Duque (Serviços), assim como o ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro Barusco. “Mas minhas relações eram apenas profissionais. Nunca ouvi falar de irregularidades praticadas por nenhum deles até se tornar pública a Operação Lava Jato”, disse.

Barusco e Costa admitiram ter recebido propina de empresas em depoimentos prestados à Justiça Federal dentro de um processo de delação premiada. Eles acusaram Duque e Vaccari de fazer o mesmo. Os dois negam.

Legatti confirmou depoimento de Barusco, que disse à CPI que não havia vazamento de informações da parte da comissão de licitação. Segundo Legatti, as propostas das empresas interessadas nos contratos eram abertas no mesmo dia e comparadas com uma estimativa feita por uma área de Petrobras, documento que chegava em um envelope lacrado, e ninguém tinha acesso prévio a esse conteúdo.

“Ninguém sabe o valor que vai sair da área de estimativa de custos”, disse. Ele confirmou o procedimento interno da Petrobras de aceitar propostas que não ultrapassassem os limites de 15% a mais ou 20% a menos do estimado pela própria empresa.

Controle interno
Com base no que chamou de transparência dos procedimentos adotados pela Petrobras, Legatti afirmou que não houve superfaturamento na construção da refinaria Abreu e Lima, prevista inicialmente para custar 2,4 bilhões de dólares, estimativa alterada depois para 13 bilhões de dólares e que acabou totalizando 18 bilhões de dólares. “Não houve superfaturamento. Tudo o que foi contratado foi executado”, ressaltou.

Ele deu uma explicação contábil para o aumento. Explicou que 60% da refinaria foi contratada em reais – e não em dólares. E que o valor de 18 bilhões de dólares é resultado de uma contabilidade resultante da variação da taxa de câmbio. Segundo ele, a refinaria custou R$ 26 bilhões, e o valor de 18 bilhões de dólares se deve a dois cálculos distintos, um feito quando o dólar estava valendo R$ 2,40, valor reajustado quando o dólar atingiu R$ 1,60 – o que fez com que o valor ficasse bem maior em reais.

Além do câmbio, Legatti detalhou alguns aditivos contratuais que também elevaram o custo final, como o aumento da taxa de juros do financiamento (que elevou o custo em 1,38 bilhão de dólares) e mudanças no projeto, como “adequação de escopo” e consequente aumento de insumos (que elevaram o preço em 2,1 bilhões de dólares).

Ele justificou os cálculos ao responder perguntas do relator da CPI, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ). Legatti admitiu que o valor inicial de custo de 2,4 bilhões de dólares foi feito com base em um projeto que não estava concluído.

Em depoimento à CPI, a ex-presidente da Petrobras Graça Foster admitiu que esse custo inicial não era realista e não deveria ter sido divulgado.

Reportagem – Antonio Vital
Edição – Marcos Rossi

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