Política e Administração Pública

Combate à corrupção foi o motor dos protestos, avaliam deputados

Para oposicionistas, manifestações contra o governo Dilma Rousseff no domingo (15) foram históricas, e o governo deve dar resposta à crise econômica e política instalada no País. Governistas avaliam que linha do Executivo deve ser o anúncio de medidas duras contra a corrupção.

16/03/2015 - 16:51   •   Atualizado em 16/03/2015 - 18:20

José Cruz/Agência Brasil
ForaDilma
Segundo as Polícias Militares de todo o País, mais de dois milhões de pessoas foram às ruas neste domingo (15) nas capitais e em 160 cidades importantes reivindicar, entre outras coisas, o impeachment da presidente Dilma Roussef.

Deputados da base do governo e da oposição avaliam que os protestos do fim de semana mostraram a necessidade de se combater a corrupção no País. Para oposicionistas, a população criticou o comportamento antagônico da presidente Dilma Rousseff durante as eleições e depois do início do mandato e considera que falta resposta do governo.

Já governistas avaliam que a resposta do governo está na linha certa. Na sexta-feira (13) houve manifestações a favor do governo Dilma e, no domingo (15), aconteceram protestos contra o Executivo federal, que reuniram cerca de dois milhões de pessoas nas capitais e em cerca de 160 cidades importantes do País.

Para o líder da Minoria, deputado Bruno Araújo (PSDB-PE), as manifestações de domingo foram históricas e pedem respostas do Executivo federal. “Elas demandam do governo posições claras em relação a posicionamentos antagônicos que o governo apresentou à sociedade brasileira em relação às promessas de campanha”, disse.

O líder do Governo, deputado José Guimarães (PT-CE), afirmou que as duas manifestações pediram ações contra a corrupção e essa deve ser a linha do Executivo. “A centralidade das manifestações foi a luta anticorrupção. O que que temos de fazer? Anunciar medidas duras, e é isso que a presidente vai fazer. Doa a quem doer. Tanto no âmbito do Congresso como no âmbito de decretos”, afirmou. Para Guimarães, os protestos de domingo foram patrocinados por “amplos setores” da mídia.

Para o líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PR) o governo precisa dar uma resposta com relação à crise econômica e política instalada no País. “Quem está agora com a palavra é o governo. Mas não é a palavra fácil de que quem foi pra rua não era eleitor da presidente Dilma. O que foi para a rua é a indignação do povo brasileiro.”

Resposta do governo
Nesta segunda-feira (16), após a reunião da coordenação do governo federal para avaliar as manifestações de domingo, ministros falaram em manter o diálogo com setores políticos e movimentos sociais e em buscar convergência de propostas e ações. Participaram do encontro com Dilma nove ministros e o vice-presidente, Michel Temer.

“O governo está ouvindo as manifestações. O governo democrático ouve a voz das ruas, e pouco importa se as pessoas que estão nas ruas aplaudem ou vaiam o governo. Ao ouvir, precisamos captar esse sentimento e nos parece muito claro que ele que tem profunda relação com a indignação por conta da corrupção”, disse o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Ele reafirmou o compromisso do governo com o combate à corrupção. O pacote foi apresentado durante o discurso de posse de Dilma em janeiro e na campanha eleitoral.

Manifestações
No total, pelo menos, cerca de 2 milhões de pessoas em 160 cidades brasileiras, de acordo com dados das polícias militares dos estados foram neste domingo, 15, às ruas para protestar contra a presidente Dilma Rousseff e o governo federal, dois meses e meio após o início do segundo mandato. Segundo o Instituto Datafolha, essa foi a maior manifestação política registrada na capital paulista desde o movimento das Diretas-Já, em 1984. Neste mês, a democracia brasileira completa 30 anos, após 21 anos de ditadura.

Os manifestantes focaram as críticas na situação econômica do País e nas medidas do governo de ajuste fiscal, além de críticas à corrupção, em particular aos desvios de recursos na Petrobras investigados pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal. Houve quem defendesse o impeachment da presidente e outros chegaram a falar em intervenção militar.

Houve divergência no número de participantes dos protestos. Em São Paulo, por exemplo, a Polícia Militar calculou cerca de 1 milhão de pessoas na Avenida Paulista, já o Datafolha afirmou que o número foi de 210 mil participantes no local.

As manifestações de sexta-feira (13), organizadas pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e pela União Nacional dos Estudantes (UNE), reuniram mais de 33 mil pessoas em mais de 30 cidades, de acordo com dados das polícias militares dos estados. Os atos, também batizados de Dia Nacional de Lutas, foram convocados para defender a Petrobras, a reforma política e a democracia e contra o impeachment da presidente Dilma.

Reportagem – Tiago Miranda
Edição – Newton Araújo

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