Política e Administração Pública

Cunha nega ter recebido doação ilegal e pede para voltar à CPI

O deputado acusa o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de ter incluído seu nome na lista de pedidos de inquérito por interferência do governo.

09/03/2015 - 08:30  

O presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, divulgou nota oficial no sábado (7), em seu site pessoal e em redes sociais, na qual nega ter recebido recursos desviados da Petrobras. “Fui à CPI da Petrobras, que aliás ajudei a criar, para me colocar à disposição para esclarecer. Vou pedir ao presidente para comparecer [novamente] visando detalhar vírgula a vírgula dessa indecente petição”, disse.

Na nota, Cunha acusa o governo de ter negociado com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a inclusão do seu nome na lista das autoridades que deveriam ser investigadas. Ele argumenta que seu nome foi citado pelo doleiro Alberto Yousseff no mesmo depoimento em que este menciona o senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), e na mesma situação – o doleiro teria ficando sabendo de pagamentos feitos por terceiros, mas não tinha provas. Assim, segundo o deputado, o procurador só poderia incluir o nome de Anastasia na lista se incluísse também o seu.

“É um absurdo gigante atribuir pagamento de terceiro sem provar, atribuir o recebimento sem provar e ainda supor que eu era beneficiário”, diz Cunha na nota. “Misturam a doação à minha campanha com várias doações de empresas ao comitê financeiro do PMDB como se fossem minhas. É um erro criminalizar a doação de campanha por ser de empresa envolvida. Todas as campanhas majoritárias, incluindo Dilma Rousseff e Aécio Neves, receberam doações dessas empresas. Mas por que então não abriram inquérito contra todos?”, questiona.

Cunha estranha o fato de o doleiro ter sido ouvido novamente, dez dias depois de sua eleição para presidente da Câmara, e ter voltado a mencionar uma história que já tinha sido “desmentida publicamente” (a entrega de dinheiro em endereço que não era o dele). Ele disse que esse segundo depoimento teve motivação política, porque haveria interesse na inclusão do seu nome da lista de pedidos de inquérito. “O procurador-geral da República agiu como aparelho visando a imputação política de indícios como se todos fossem parte da mesma lama”, diz o deputado, na nota.

O parlamentar afirma ainda que o PMDB nada tem a ver com os ex-diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa e Nestor Cerveró e com o lobista Fernando Soares.

A lista do procurador-geral foi divulgada na sexta-feira (6) à noite, quando o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a abertura de inquérito contra 47 políticos para apurar a suposta participação deles no esquema investigado pela Operação Lava Jato, sobre desvio de recursos da Petrobras. A lista inclui 22 deputados federais, 12 senadores, 12 ex-deputados e uma ex-governadora, que são de seis partidos: PP, PT, PMDB, SD, PSDB e PTB.

Da Redação – WS

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