05/03/2015 16:42 - Administração Pública
Radioagência
CPI da Petrobras vai ouvir Pedro Barusco, delator da Operação Lava Jato
Depois de muita discussão, a primeira reunião de trabalho da CPI da Petrobras terminou com o primeiro depoimento marcado, a nomeação de quatro sub-relatores para ajudarem o relator e o anúncio de contratação de uma empresa internacional para rastrear no exterior o dinheiro desviado da empresa.
A primeira pessoa a ser ouvida pela CPI deve ser o engenheiro Pedro Barusco, ex-diretor da Petrobras que se encontra em prisão domiciliar. Barusco disse, em depoimento à Justiça, que recebeu propinas na empresa a partir de 1997. A convocação dele em primeiro lugar foi fruto de um acordo entre deputados da oposição e do governo. Depois dele serão ouvidos os ex-presidentes da Petrobras Sérgio Gabrielle e Graça Foster.
O depoimento de Barusco está marcado para a próxima terça-feira (10), mas isso ainda depende de autorização judicial.
A convocação de Barusco acalmou os ânimos dos membros da CPI depois que o presidente da comissão, deputado Hugo Motta, do PMDB da Paraíba, anunciou a criação de quatro sub-relatorias. Deputados do PT, do PPS e do PSol criticaram a decisão, que também pegou o relator, deputado Luiz Sérgio, do PT do Rio de Janeiro, de surpresa. Houve bate-boca e troca de ofensas entre o presidente da CPI e deputados do PSol. Os sub-relatores escolhidos pelo presidente foram Altineu Côrtes, do PR do Rio de Janeiro; Bruno Covas, do PSDB de São Paulo; Arnaldo Faria de Sá, do PTB de São Paulo; e André Moura, do PSC de Sergipe.
O presidente da CPI, deputado Hugo Motta, do PMDB da Paraíba, justificou a criação das sub-relatorias.
— Historicamente, todas as CPIs que funcionaram tiveram sub-relatorias. Pautados nisso, como nós queremos aprofundar as investigações, nada mais justo do que colocarmos mais deputados compromissados, comprometidos e preparados para ajudar o relator a aprofundar todas essas denúncias e apresentar resultados concretos.
O deputado Afonso Florence, do PT da Bahia, criticou as escolhas e disse que o partido não foi consultado sobre a criação de sub-relatorias.
— O presidente se precipitou, sem base regimental para, sem consultar o relator, apresentar sub-relatorias e sub-relatores.
O relator da comissão, deputado Luiz Sérgio, também se mostrou preocupado com os efeitos da decisão sobre o relatório final da CPI.
— Se cada um buscar ir na linha da investigação, tudo bem; agora se cada um quiser ir na linha de buscar fazer disso um carnaval, aí nós transformaremos ela num carnaval bem carioca, em que cada rua que você passa surge um bloco novo.
Além de marcar o primeiro depoimento e nomear os sub-relatores, o presidente da CPI anunciou a contratação da empresa Kroll, sediada em Nova Iorque, para ajudar a repatriar o dinheiro desviado da Petrobras. Mas isso ainda depende de autorização da Presidência da Câmara. O deputado Antonio Imbassahy, do PSDB da Bahia, elogiou a medida e defendeu a existência de sub-relatorias.
— Não dá para você concentrar na mão de um relator só, por mais boa vontade, espírito público, dignidade que tenha, um problema dessa amplitude. Depois também decidir contratar uma empresa de conceito internacional para seguir atrás do dinheiro. Fundamental isso.
Um ato da Mesa da Câmara proíbe o interrogatório de pessoas presas nas dependências da Casa. Caso a CPI aprove o interrogatório de detentos, os membros da comissão terão que ir até eles e gravar o depoimento.