Política e Administração Pública

Aberto processo contra Argôlo no Conselho de Ética

Com a abertura do processo, o parlamentar terá 10 dias úteis para apresentar defesa.

15/05/2014 - 10:29   •   Atualizado em 15/05/2014 - 13:44

Luis Macedo / Câmara dos Deputados
Reunião para instauração do Processo 14/14 (Representação 26/14) em desfavor do dep. Luiz Argôlo (SD/BA) e sorteio da lista tríplice para a escolha do relator
Conselho de Ética reunido para definir a lista tríplice da qual será escolhido o relator do processo contra Argôlo.

O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados abriu nesta manhã processo por quebra de decoro contra o deputado Luiz Argôlo (SD-BA) por seu envolvimento com o doleiro Alberto Youssef, preso na operação Lava Jato, da Polícia Federal.

O conselho sorteou três deputados que poderão ser convidados para relatar o processo: Cesar Colnago (PSDB-ES), Izalci (PSDB-DF) e Marcos Rogério (PDT-RO). Os parlamentares ainda serão consultados e a decisão deve ser tomada até amanhã.

Não participaram do sorteio para a relatoria os deputados do Solidariedade e da Bahia – partido e estado de Argôlo. Os deputados do PP se abstiveram do sorteio porque Argôlo, hoje do Solidariedade, era do PP quando foi eleito.

O pedido de investigação contra Argôlo foi apresentado pelo Psol e pela Mesa Diretora com base em reportagens da revista Veja e do jornal Folha de S.Paulo que citam mensagens trocadas entre o doleiro e deputado sobre a transferência de R$ 120 mil para a conta do chefe de gabinete do parlamentar, Vanilton Bezerra. De acordo com a Folha, Argôlo também teria recebido do doleiro dois caminhões de gado.

O pedido da Mesa Diretora foi aprovado pela Corregedoria Parlamentar e recomenda a perda de mandato de Argôlo.

A representação analisada pela Corregedoria foi proposta pelo líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PR), em razão de fatos relatados em reportagem da revista Veja (edição de 23 de abril de 2014) sobre a possível entrega de dinheiro intermediada pelo doleiro no apartamento funcional ocupado pelo deputado.

Os dois processos devem ser apensados.

Após ser notificado do processo, Argôlo terá 10 dias úteis para apresentar defesa escrita. Sua assessoria reafirmou que ele só falará sobre o assunto quando for chamado pelo conselho.

André Vargas
O Conselho de Ética também marcou o prazo para final para o deputado André Vargas (PT-PR) sua defesa escrita: 28 de maio. Vargas também responde a processo no Conselho de Ética por seu relacionamento com o doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal. O doleiro pagou um jatinho para levar o deputado e a família para passar as férias em João Pessoa no final do ano passado.

Ontem André Vargas reassumiu o mandato na Câmara. Ele estava licenciado para "tratar de assuntos particulares".

O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) e relator do caso André Vargas, disse que alguns depoimentos dos dois casos podem coincidir visto que ambos estão relacionados ao doleiro Alberto Youssef. "O fato da relação dos dois com o Youssef já é uma ligação, pode ser que tenha; mas tem o tráfico de influência também do deputado André Vargas com a Labogen no Ministério da Saúde que não está nesse processo aqui. Portanto existe algo comum, mas também existe distinção entre um processo e outro."

Os relatores têm 90 dias a partir da abertura do processo para apresentarem seus relatórios.

Reportagem - Sílvia Mugnatto
Edição - Natalia Doederlein

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