Agropecuária

Debatedores defendem uso de gás liquefeito de petróleo no agronegócio

Segundo o Sindigás, o GLP é ideal para o agronegócio porque ele pode ser estocado por tempo indefinido e, atualmente, chega a todo o território nacional.

24/09/2013 - 19:07  

Alexandra Martins / Câmara dos Deputados
Audiência Pública para discutir Usos potenciais do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) no agronegócio. Dep. Moreira Mendes (PSD-RO)
Moreira Mendes: falta conhecimento dos agricultores sobre as possibilidades de uso do gás.

Representantes dos distribuidores de gás liquefeito de petróleo (GLP) e da pesquisa agropecuária defenderam nesta terça-feira (24) o uso do combustível no agronegócio durante audiência pública da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural.

No Brasil, o GLP é mais conhecido como gás de cozinha ou usado para o aquecimento da água do banho, por exemplo. O potencial do GLP vem sendo aproveitado amplamente no agronegócio em países como Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, França, Canadá e Japão.

Para o presidente do Sindicato dos Distribuidores de Gás Liquefeito de Petróleo (Sindigás), Sergio Bandeira de Melo, o GLP é ideal para o agronegócio porque ele pode ser estocado por tempo indefinido e, atualmente, chega a todo o território nacional. “Chegamos onde não chega água, energia elétrica e correio. A oportunidade do produto para o agronegócio é fantástica porque ele já está onde o agricultor está”, disse.

No agronegócio, a substância é utilizada principalmente para aquecimento de grãos, mas também pode servir para aquecimento de ambientes na avicultura e suinocultura; combate contra pragas e ervas daninhas nas plantações, entre outras coisas.

“Você consegue controlar perfeitamente a temperatura da torre [de grãos] com um manuseio muito fácil, com baixíssima quantidade de mão de obra, além de não contaminar os grãos com elementos cancerígenos que possam vir da queima de lenha”, afirmou Melo.

Alexandra Martins / Câmara dos Deputados
Audiência Pública para discutir Usos potenciais do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) no agronegócio. Superintendente de Abastecimento da ANP, Aurélio Amaral
Aurélio Amaral: não há perigo de escassez. O consumo de GLP cresce mais ou menos em linha com a produção.

Para o deputado Moreira Mendes (PSD-RO), que sugeriu o debate, falta conhecimento dos agricultores sobre as possibilidades de uso do gás. “Tem tanta coisa que ele pode ser usado. O que falta para o nosso setor é conhecimento, é saber que isso está disponível, é saber que podemos usar esse gás de cozinha para esquentar as aves do aviário”, disse.

Menos agrotóxicos
O especialista no controle de pragas em plantações da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) José Eudes de Oliveira afirmou que o GLP pode ajudar a reduzir o uso de agrotóxicos pela agricultura brasileira. “Usar 92 bilhões de dólares por ano com agrotóxicos é algo a se repensar. Não vamos criminalizar o setor agrícola por usar produtos químicos, mas cabe a corresponsabilidade a mudar esse cenário.” Segundo ele, o controle térmico de pragas traria o efeito desejado e manteria as características das plantações.

Para o superintendente de Abastecimento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Aurélio Amaral, não há perigo de escassez. “O consumo de GLP cresce mais ou menos em linha com a produção. Hoje a gente importa um volume razoável, mas não teria um grande impacto essa nova utilização, em torno de 7% pelos estudos que a gente tem”, afirmou.

Em 2012, o consumo de GLP no país ficou em 7,135 milhão de toneladas, de acordo com levantamento do Sindigás. Desse total, cerca de 20% foram importados.

Descriminalização
Segundo Moreira, os deputados vão trabalhar para o fim das restrições ao uso do GLP impostas pela Lei 8.716/91. A norma foi criada para conter a demanda pelo gás em meio à Guerra do Golfo, que ameaçava as importações brasileiras. Na época o Brasil importava quase 50% do petróleo consumido e 80% do GLP. A lei definiu como crime contra a ordem econômica o uso de GLP em motores, saunas, caldeiras e aquecimento de piscinas ou para fins automotivos.

Uma sugestão do deputado seria a aprovação de proposta (PL 2943/11), do ex-deputado Eduardo Gomes, que retira as restrições ao uso do GLP da lei. O texto foi aprovado em junho de 2012 na Comissão de Minas e Energia e está pronto para votação na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania.

O representante das distribuidoras pediu o fim das restrições, mas ressaltou que a lei atual não impediria o crescimento do uso do combustível no agronegócio.

Reportagem - Tiago Miranda
Edição – Regina Céli Assumpção

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