Ministro pede mais investimentos em tecnologia para garantir segurança
Em reunião conjunta de comissões da Câmara e do Senado para debater denúncias de espionagem pelos Estados Unidos, o ministro da Defesa destacou necessidade de desenvolver softwares de inteligência brasileiros. Segundo ministro das Relações Exteriores, Brasil deve recorrer à ONU para a apuração do caso.
10/07/2013 - 20:29

O Ministro da Defesa, Celso Amorim, reconheceu a vulnerabilidade das comunicações oficiais no País e pediu mais recursos para que sua pasta invista em tecnologia nacional de segurança. Ele, o ministro de Relações Exteriores, Antônio Patriota, e o chefe do Gabinete de Segurança Institucional, José Elito Siqueira, participaram de reunião conjunta das Comissões de Relações Exteriores da Câmara e do Senado para debater as recentes denúncias de monitoramento das comunicações eletrônicas e telefônicas no Brasil por agências de inteligência norte-americanas.
Segundo Amorim, todos os países do mundo, inclusive os Estados Unidos, têm vulnerabilidades. Essa é uma realidade nova, de acordo com o ministro, e uma área estratégica que ainda precisa ser expandida.
“A presidente Dilma criou o Centro de Defesa Cibernético centrado no Exército que já atuou de maneira muito importante em eventos como a Rio +20, a Copa das Confederações, agora precisamos consolidar esse passo, formando pessoal, dando assessoria a outros ministérios”, afirmou. No entendimento do ministro, o passo mais importante a ser dado é desenvolver tecnologia e softwares brasileiros, para não ficar na dependência.
Mais recursos
O presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, Nelson Pellegrino (PT-BA) disse que vai atuar para garantir a ampliação dos recursos para o Ministério da Defesa para a área de segurança cibernética. Pellegrino disse que mesmo com as explicações, o Congresso continua a se debruçar sobre o caso.
“Temos que saber realmente a real extensão do que aconteceu. Quem foi investigado, de que forma foi investigado para que a gente possa proteger a nossa soberania. Os nossos cidadãos e também a segurança do Estado brasileiro”, afirmou.
Insatisfação
Na reunião, o ministro Antônio Patriota disse que o governo do Brasil não ficou satisfeito com as informações prestadas até agora pelo governo norte-americano. “Por isso criamos a comissão técnica que vai se dedicar a esse caso", explicou, reiterando que o País deve recorrer à ONU em relação à denúncia de espionagem.
O deputado Carlos Zarattini (PT-SP) disse que a investigação precisa ir a fundo. “Precisamos obter esclarecimentos e saber quem foi monitorado, por quanto tempo e como. Não podemos ficar só no protesto", destacou. A deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC) sugeriu que o requerimento para criação de uma CPI sobre as denúncias de espionagem, apresentado pela senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), seja transformado em requerimento de CPI Mista para que deputados também possam assinar.
Já o deputado Eduardo Azeredo (PSDB-MG) pediu cautela na análise desse caso e lembrou que ainda há lacunas na legislação na questão dos crimes cibernéticos. “O Brasil tem sido omisso nessa questão, os recursos são poucos, aprovamos leis com atraso”, concluiu.
Resposta
O governo anunciou nesta quarta-feira (10) uma série de medidas em resposta às denúncias, como a criação de um grupo interministerial que vai analisar quais pontos ainda precisam ser esclarecidos pelo governo norte-americano e a abertura de inquérito da Polícia Federal. O Ministério de Relações Exteriores também estuda mecanismos para recorrer à ONU sobre as denúncias de espionagem.
Reportagem – Georgia Moraes
Edição – Rachel Librelon