Trabalho, Previdência e Assistência

Comissão deve investigar demissões nas Centrais Elétricas do Pará

Privatizada em 1998 e controlada pela Equatorial Energia desde 2012, a Celpa lançou, em abril deste ano, plano de demissão voluntária para desligar 564 funcionários. Como somente 240 aderiram ao programa, a empresa tem promovido demissões, que levaram cerca de 25% dos funcionários a entrar em greve.

27/06/2013 - 15:19  

Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados
Audiência pública para discutir a situação dos trabalhadores e demissões da Rede Celpa. Representante do Setor Jurídico da Centrais Elétricas do Pará (CELPA), Armando Nascimento
Nascimento: nova postura gerencial preza pela meritocracia.

A Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia deverá formar em breve uma comissão externa para verificar em Belém a situação dos trabalhadores das Centrais Elétricas do Pará (Celpa) e buscar uma solução para as demissões que vêm ocorrendo na empresa nos últimos meses. Aproximadamente 25% dos empregados da empresa estão em greve desde 17 de junho para protestar contra os desligamentos.

A sugestão da comissão externa foi feita pelo deputado Asdrúbal Bentes (PMDB-PA) e deverá ser apresentada ao colegiado pelo deputado Miriquinho Batista (PT-PA) para ser votada na próxima semana. A demissão de funcionários da Celpa foi discutida em audiência pública promovida pela comissão nesta quinta-feira (27) a pedido de Miriquinho.

Em regime de recuperação judicial, a Celpa foi privatizada em 1998 e, desde novembro de 2012, é controlada pela Equatorial Energia. A empresa possui hoje cerca de 1,9 mil funcionários e uma dívida bruta aproximada de R$ 3,3 bilhões.

Como parte de um programa de reestruturação, em abril deste ano, foi lançado um programa de demissão voluntária (PDV) para desligar 564 empregados. Mais de 240 trabalhadores aderiram ao programa, e a empresa agora tem promovido novos desligamentos que, na avaliação do presidente do Sindicato dos Urbanitários do Pará, Ronaldo Romeiro Cardoso, são imotivados.

Meritocracia
Segundo os representantes da Celpa que compareceram à audiência, a nova postura gerencial da distribuidora preza pela “meritocracia”. “A empresa tem promovido há 60 dias alguns desligamentos. As pessoas, por não atenderem ao perfil desejado, estão sendo substituídas por outras do mercado ou de dentro da empresa mesmo”, disse o assessor jurídico da Celpa Armando Nascimento.

Apesar de concordar com alguns ajustes, o sindicalista Ronaldo Cardoso apontou que os processos demissionários nem sempre são claros e que, entre maio e junho, 37 funcionários foram demitidos sem preencher qualquer formulário de avaliação do serviço. “A meta da Equatorial é colocar a Celpa em um patamar de 1,5 mil trabalhadores próprios para terceirizar os outros funcionários, o que precariza o serviço mas aumenta o lucro”, disse Cardoso.

Processo contraditório
Também o deputado Miriquinho afirmou que o processo de demissões é “contraditório”. “A empresa não pode dizer que usa o critério de desempenho do funcionário para demitir, quando deu início ao processo por meio de PDV, em que qualquer funcionário pode sair, os bons e os ruins”, declarou.

O diretor de Gente e Gestão da Celpa, Renan Bodra, se defendeu dizendo que há realmente pessoas que não querem se adequar ao novo perfil da empresa e, por vezes, se recusam a mudar de função. O desempenho, disse, é monitorado diariamente. Ele acredita, no entanto, na possibilidade de um entendimento entre direção e empregados nos próximos dias.

Segundo Renan Bodra, a nova postura gerencial da Celpa preza pela disciplina financeira e pelos resultados, entre outros aspectos. Para este ano, segundo ele, estão previstos investimentos de mais de R$ 600 milhões em vários setores, como manutenção da rede e implantação de novas linhas de transmissão.

Reportagem – Noéli Nobre
Edição – Rachel Librelon

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