Direitos Humanos

Jornalista confirma denúncia de tráfico de pessoas intermediado por ONG

07/05/2013 - 19:46  

Veja a cobertura da audiência pública na reportagem da TV Câmara.

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Tráfico de Pessoas ouviu nesta terça-feira (7) depoimentos para investigação de casos de adoção irregular.

Na audiência pública, a jornalista Joice Hasselmann, responsável pelas reportagens sobre as adoções ilegais feitas no município de São João do Triunfo, no Paraná, voltou a afirmou que os procedimentos para retirada do pátrio poder da família brasileira não foram cumpridos. A jornalista escreveu reportagens sobre sete crianças da mesma família, que moravam na cidade e que foram adotadas por um casal americano.

O presidente da CPI, deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA), classificou a adoção das crianças no Paraná como um dos casos mais complexos em apuração na CPI.

Segundo Jordy, a convicção dos deputados é que a Limiar - ONG que intermedeia o processo de recrutamento e envio de menores ao exterior - faça parte de uma rede criminosa que lucra com as adoções.

A CPI decidiu convocar para acareação o presidente da Limiar, Ulisses da Costa, e o representante da entidade, Audelino de Souza, que é suspeito de enviar dezenas de crianças para os Estados Unidos.

A comissão também aprovou convite a magistrados paranaenses para explicar o caso. “Há uma convicção aqui de que estamos lidando com uma rede cuja ação premeditada é a de burlar as leis para operar este comércio de adoção ilegal no Brasil”, afirmou Jordy.

O presidente da CPI disse ainda que os trabalhos da comissão vão apurar se há o envolvimento de agentes públicos no caso, seja por negligência ou por conivência.

Adoção no Amapá
Os deputados da CPI também ouviram separadamente nesta terça-feira Adriana Rodrigues Seidle da Silva e Alexander Soares Fortes da Silva, casal que tem a guarda da menina  Jeane Ramos do Nascimento, supostamente adotada de forma irregular no Amapá.

De acordo com a deputada Janete Capiberibe (PSB-AP), que solicitou o depoimento, a “adoção” foi feita “não obstante (a criança) possuir avós paternos com condições econômico-financeiras de oferecer-lhe a devida educação”. “Trata-se de um caso suspeito de tráfico de pessoas”, disse a deputada.

A adoção irregular é uma das modalidades de tráfico humano e por isso está sendo investigada pela CPI.

Requerimentos aprovados
Nesta terça-feira, a CPI também aprovou requerimentos para apurar o esquema de adoções irregulares. A pedido do deputado Luiz Couto (PT-PB), será convidada a presidente do Conselho Tutelar da Parnaíba, no Piauí, Cleonice Vitória Matos, para esclarecer as denúncias recebidas pelo Conselho sobre supostas adoções irregulares de crianças no bairro de Santa Luzia, em Parnaíba.

Também foi aprovado o pedido de informações ao Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, solicitado pela deputada Flávia Morais (PDT-GO), referentes ao credenciamento de Audelino de Souza junto a Comissão Estadual Judiciária de Adoção no Paraná.

Foi aprovado ainda requerimento dos deputados Fernando Francischini (PEN-PR) e Arnaldo Jordy para a realização de audiência pública com o juiz Luis Roberto de Cappio, ex-titular da comarca de Monte Santo, sobre a remoção da comarca anterior e posterior afastamento cautelar pelo Tribunal de Justiça da Bahia.

O juiz foi afastado das atividades pelo TJ-BA depois de realizar um amplo trabalho de apuração de um esquema de adoções irregulares de crianças no estado. Os deputados também já pediram ao TJ da Bahia informações sobre a remoção do magistrado.

A audiência ainda não tem data prevista.

Da Redação - RCA
Com informações da CPI do Tráfico de Pessoas

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