Direitos Humanos

Pai de modelo brasileira reclama de condições de trabalho da filha na Índia

10/07/2012 - 14:06  

O pai da modelo Ludmila Verri, Damião Verri, contou à CPI do Tráfico de Pessoas as dificuldades vividas por ele e sua esposa no período que a filha passou na Índia, há cerca de dois anos, trabalhando como modelo. Em audiência pública na comissão, ele falou da exploração da filha no país asiático em condições análogas à de escravidão.

Verri reclamou principalmente do agenciamento feito na cidade de São José do Rio Preto (SP), onde moram. As informações passadas antes da viagem, disse ele, não foram condizentes com a situação encontrada lá por Ludmila e sua irmã menor de idade, que viajou junto. O apartamento onde foram colocadas pelo agenciador indiano, lembrou, não tinha água e era sujo. Além disso, as filhas, principalmente a menor, eram praticamente forçadas a trabalhar. A ideia inicial era vender as jovens para Xangai, na China. Um tempo depois, porém, a agenciadora disse que a negociação não havia dado certo e que já tinha vendido as garotas para a Índia.

"A Raquel [a agenciadora no Brasil] havia dito que daria assistência pessoalmente às meninas se acontecesse alguma coisa. No fim, ela não fez nada, só empurrou com a barriga e propôs tirar as meninas de lá fugidas. Eu, como pai, fui ao fundo do poço. Minha esposa tem pressão alta e diabetes. Imagina a situação", disse.

Sem conseguir uma solução por meio da agenciadora, Damião Verri entrou em contato com o consulado brasileiro, que resgatou as meninas em parceria com a polícia local.

O presidente da comissão, deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA), achou estranho um pai enviar as filhas para a Índia com tão poucas informações. "Que sentimento lhe levou a correr tamanho risco? Elas poderiam não estar aqui agora. Interromperam os estudos para optar por um mercado tão pouco atraente", disse o parlamentar.

Verri respondeu que "sonho é sonho". "A gente tenta fazer os filhos a realizarem seus sonhos", afirmou. Ele lembrou que elas poderiam voltar ao Brasil depois de três meses e a viagem nem atrapalharia os estudos, pois foi em período de férias escolares. Ludmila já havia terminado o ensino médio e a menor ainda frequentava as aulas.

A audiência já foi encerrada.

Reportagem - Noéli Nobre
Edição - Natalia Doederlein

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