Modelo brasileira diz à CPI do Tráfico de Pessoas que foi explorada na Índia
10/07/2012 - 12:05
A modelo Ludmila Verri, de 21 anos, descreve neste momento, na CPI do Tráfico de Pessoas, a forma como foi agenciada no Brasil e levada para a Índia, onde diz ter sido submetida a condições análogas à de escravidão. Agenciada aos 18 anos em sua própria cidade, São José do Rio Preto (SP), a partir da indicação de uma amiga, ela assinou contrato com uma agência brasileira, que intermediou a “venda”. O visto de trabalho, segundo ela, foi pago pelo agenciador indiano.
Na Índia, para onde viajou com a irmã, foi recebida pelo dono da agência para a qual trabalharia, a K Models, e instalada em um apartamento mobiliado, mas sem água e sujo, em um bairro de prostituição. Nos dois meses que passou na Índia, Ludmila contou as parlamentares que trabalhou muito e mal teve tempo para comer. Metade do dinheiro recebido por ela e pela irmã - cerca de 6 mil dólares - foi usado para pagar dívidas de viagem. Conforme o contrato assinado por ela, 40% do dinheiro ganho seriam do agenciador indiano, 10% da agência brasileira e 50% de Ludmila.
Ludmila afirmou ainda que o agenciador indiano nunca tentou fazer sexo à força com ela, apesar de ter se insinuado, principalmente no período em que ela se recuperava de uma torção no pé. O indiano, segundo ela, era alcoólatra e, muitas vezes, descontrolado. "Ele já ergueu a mão para me bater."
A jovem foi resgatada pelo consulado brasileiro na Índia. “Eu não tinha noção de que poderia ser uma farsa, uma fantasia. A gente vai com a consciência de que podem acontecer coisas, mas não pensa que pode de fato”, disse.
O depoimento ocorre no Plenário 11.
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Reportagem - Noéli Nobre
Edição - Natalia Doederlein