Aumentar a produção industrial é desafio para o País, diz ministro
22/05/2012 - 19:07

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, afirmou nesta terça-feira (22) que o Brasil está preparado para enfrentar a crise internacional, mas isso não quer dizer que está imune a ela. “Nosso PIB e renda média crescem, o nível de emprego está bom, mas a produção industrial se mantém no mesmo patamar de dez anos atrás. Precisamos encontrar uma solução”, disse.
Ao participar de seminário na Câmara, Pimentel defendeu as medidas para abaixar juros e derrubar o valor do real frente ao dólar. Para ele, o governo ataca, dessa forma, dois problemas do setor industrial: a oferta de crédito mais barato, com a queda dos juros; e o valor dos produtos valorizado artificialmente pela política cambial de outros países, com o ajuste do dólar.
O decréscimo da participação da indústria no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro nos últimos anos, de 18,8% em 1995 para 14,6% em 2011, preocupou os deputados, que acreditam haver uma “paralisia” industrial.
Competitividade
Para o economista José Augusto Savasini, sócio-diretor da consultoria Rosenberg & Associados, a queda da indústria na participação do PIB não é tão importante. Segundo ele, a indústria brasileira não tem vantagem comparativa com as de outros países, e a única medida capaz de reparar isso são investimentos na melhoria dos métodos de produção. “Por que a agricultura está bem no Brasil? Porque teve a Embrapa para desenvolver tecnologia. Não é a melhor do mundo, mas é competitiva”, disse.

Para Savasini, o primeiro passo seria desonerar a aquisição de máquinas e equipamentos para produção, assim como insumos básicos.
Segundo ele, a participação das importações no PIB brasileiro é baixa, e o protecionismo sempre pedido pelo setor não se justifica.
Na última década, as importações oscilaram entre 10,1% e 8,5% do PIB, uma das mais baixas no mundo. “Fazer proteção externa não é solução. Precisamos importar insumos baratos e revendê-los com valor maior. Importar para produzir é o que os outros países fazem”, disse.
Demandas da indústria
Para o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga, o governo acertou ao começar a resolver a questão do crédito e do câmbio. Ele afirmou, no entanto, que ainda restam problemas como os altos impostos; o custo da energia elétrica, “a segunda mais cara do mundo”; e a oferta de gás natural, que poderia abastecer indústrias.
“Nossa agenda imediata está lotada, sempre tendo de discutir jornada de 40 horas, terceirização, aumento de taxas nos estados, e isso dificulta a visão de longo prazo”, disse.
O seminário "Desafios da Indústria Brasileira frente à Competitividade Internacional" é promovido por quatro comissões da Câmara: de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio; de Trabalho, Administração e Serviço Público; de Finanças e Tributação; e de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática. O evento prossegue na quarta-feira (23), das 8h30 às 18h30.
Reportagem – Marcello Larcher
Edição – Pierre Triboli