Dívida pública deve ficar em 39% do PIB neste ano, informa BC
Deputados, no entanto, afirmam que valor absoluto ainda é muito alto e questionam política fiscal do governo.
14/09/2011 - 14:37

A perspectiva do Banco Central (BC) é que a dívida interna líquida termine neste ano em cerca de 39% do Produto Interno Bruto (PIB). A informação foi dada nesta quarta-feira pelo chefe do Departamento Econômico do BC, Túlio Maciel, em audiência pública da Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio. O dirigente explicou que o percentual já foi de 60% do PIB, mas vem diminuindo graças à política de superavit fiscal e de redução da taxa básica de juros.
Apesar de significar uma queda em relação ao início da década, o deputado Dr. Ubiali (PSB-SP), que propôs a realização do debate, ressaltou que a dívida ainda é alta e o pagamento de seus juros impede o País de fazer investimentos. Para ele, a opção de manter reservas muito altas - hoje perto de 350 bilhões de dólares - impulsiona o crescimento da dívida porque o Brasil obtém esses recursos emitindo títulos.
Dr. Ubiali acrescentou que grande parte do que arrecada, o País paga em serviços da dívida, o que impede investimentos em educação, saúde e outras áreas prioritárias. "O fato de estar muito alta e aumentando em valores absolutos, faz com que o governo tenha, cada vez mais, necessidade de recursos para administrar essa dívida. Por que não estamos de fato diminuindo essa dívida? Estamos diminuindo apenas proporcionalmente, pois o PIB tem aumentado muito”, argumentou.
Reservas
Na opinião dos deputados Alfredo Kaefer (PSDB-PR) e Renato Molling (PP-RS), o governo deveria estudar a possiblidade de ter reservas menores e pagar mais a dívida. Segundo Túlio Maciel, no entanto, as reservas altas têm tido papel fundamental para a rápida recuperação do País nas sucessivas crises econômicas internacionais.
O dirigente do BC fez um paralelo entre a situação brasileira em 2002, quando as reservas estavam em torno de 40 bilhões de dólares, e em 2008, com 200 bilhões de dólares. "As reservas funcionam como uma espécie de seguro para a economia do País. Se compararmos a evolução da economia e os impactos das crises em 2002 e 2008, podemos ver que esses impactos foram bastante reduzidos pela política de acúmulo de reservas, o que reduz a vulnerabilidade do País."
Com relação ao crescimento da inflação no primeiro quadrimestre de 2011, Túlio Maciel explicou que houve uma pressão decorrente do forte aumento dos preços de alimentos e combustíveis em 2010, mas que o levantamento de julho, já traz sinais de tendência de redução.
Reportagem – Vania Alves/Rádio Câmara
Edição – Marcelo Oliveira