Juiz quer garantia de desenvolvimento profissional para ex-detentos
13/09/2011 - 16:03
O juiz da Vara de Execuções Penais do Rio de Janeiro Carlos Eduardo Figueiredo defendeu há pouco a garantia de alternativas de sobrevivência e desenvolvimento profissional para os egressos do sistema prisional. Segundo o juiz, é “quase impossível” atualmente que os criminosos, ao saírem da prisão, não cometam um novo crime. “Isso por causa das condições de vida dessas pessoas. A grande massa carcerária é composta por indivíduos de baixa de renda. São, na maior parte, jovens e sem estudo, que não têm outra opção”, explicou.
Figueiredo participa de audiência pública da Comissão de Direitos Humanos e Minorias sobre propostas para os ex-detentos e penas alternativas para crimes de menor potencial ofensivo.
Também participa do encontro o assistente de projetos da organização não governamental AfroReggae e ex-traficante Chinaider Pinheiro. Ele entrou no crime por influência do irmão, que acabou morto. Em 1997, aos 21 anos, foi preso por ter cometido um sequestro e ficou na prisão por quase nove anos. De lá, Chinaider saiu para comandar o tráfico em cinco favelas do Rio de Janeiro e lucrar até R$ 30 mil por mês. “O sistema prisional não ressocializa ninguém. Eu entrei lá quase um adolescente, sem facilidade para cometer crime, e saí de lá um expert em crimes”, disse.
O ex-traficante foi preso novamente e, durante o segundo período de prisão, que durou pouco menos de dois anos, foi procurado por um representante do AfroReggae que o ofereceu um emprego. A oportunidade, segundo ele, serviu de estímulo para que largasse o crime e voltasse a estudar. Chinaider, então, concluiu o ensino médio e hoje cursa o quarto período de Direito em uma faculdade particular do Rio.
O debate prossegue no Plenário 8.
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Reportagem - Carolina Pompeu
Edição - Marcelo Oliveira