Decasséguis vivem situação estável no Japão, diz deputado
04/08/2011 - 11:18

O presidente do Grupo Parlamentar Brasil-Japão, deputado Takayama (PSC-PR), disse nesta quinta-feira que os brasileiros que vivem no Japão, passados quatro meses do tsunami e do pior terremoto da história do país, estão em uma situação estável. Segundo ele, os que ficaram no país já tinham uma situação melhor. De forma geral, afirmou, os decasséguis que voltaram para o Brasil após a tragégia já estavam insatisfeitos com o emprego ou com o salário ou estavam desempregados.
Acompanhado do vice-presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, deputado Fábio Souto (DEM-BA), Takayama esteve no Japão entre 16 e 25 de julho, em missão oficial. Além de se reunir com autoridades em Tóquio, ele visitou algumas cidades litonâneas destruídas pelo tsunami, como Sendai e Ishinomaki, onde disse ter encontrado um cenário de devastação.
Takayama disse que permanecem no Japão cerca de 220 mil brasileiros. Em anos anteriores esse número já passou de 310 mil, mas a crise econômica de 2008 e 2009 fez muitos retornarem ao Brasil. Antes do tsunami, os brasileiros no Japão eram cerca de 230,5 mil, segundo a Agência de Imigração do Ministério da Justiça japonês.
Educação para brasileiros
O deputado disse que os brasileiros vivem em cerca de 70 comunidades espalhadas pelo país. Um dos principais problemas, segundo ele, é o custo da educação. Como os brasileiros não se adaptam às escolas japonesas, precisam estudar em escolas de língua portuguesa, que custam 500 dólares (cerca de R$ 800) por mês. “Uma família com dois filhos já não tem como pagar escola”, disse.
Para baratear o ensino, ele pediu às autoridades japonesas que liberem salas de aula que ficam vagas nas escolas japonesas. Esse pedido está sendo estudado, embora essas salas fiquem vagas para utilização em caso de algum desastre.
O deputado se reuniu com brasileiros em Hamamatsu, onde fica a maior comunidade brasileira, com cerca de 18 mil pessoas. A cidade é um centro industrial, abrigando a sede das montadoras Honda, Suzuki, Yamaha, entre outras indústrias.
Como resultado da reunião com os brasileiros, Takayama também pediu que as escolas de língua portuguesa sejam reconhecidas oficialmente no Japão. Isso traria como consequência a obrigatoriedade do ensino para os filhos de brasileiros (como ocorre hoje em relação aos coreanos).
Segundo o deputado, como o ensino em português não é reconhecido, também não é obrigatório. Por isso, muitos adolescentes brasileiros não estudam e alguns se tornam delinquentes.
Aposentadoria de decasséguis
Takayama também esteve com o presidente do Grupo Parlamentar Japão-Brasil, Taro Aso, ex-primeiro-ministro do país, para agradecer o empenho na aprovação do acordo sobre previdência para os decasséguis. Conforme o acordo, aprovado neste mês pela Câmara, trabalhadores que contribuírem para qualquer um dos dois sistemas poderão somar os períodos de contribuição para atingir o tempo mínimo necessário à obtenção de aposentadorias e demais benefícios. Atualmente, o acordo tramita no Senado.
O deputado também se encontrou com pequenos e médios empresários que têm interesse em investir no Brasil, em diversas áreas.
Lixo equivalente a 500 anos
Sobre a situação atual do Japão, Takayama afirmou que serão necessários três anos para o país se reorganizar. O prefeito de Ishinomaki disse a ele que o lixo acumulado após o terremoto corresponde a 500 anos de resíduos - até o momento, apenas o equivalente a 100 anos já foi retirado.
Por enquanto, os japoneses estão removendo o entulho das cidades atingidas pelo tsunami, para depois começar a reconstrução. Ainda há milhares de desabrigados vivendo em escolas. Logo após o tsunami, a principal preocupação foi recuperar as rodovias para dar acesso às equipes de socorro e permitir a chegada das máquinas que estão removendo o lixo.
Outro problema das cidades atingidas, segundo o deputado, foi o aumento do número de suicídios. Muitos japoneses não suportaram a perda de parentes no terremoto e no tsumani.
Da Redação/WS