Cbratur: só parceria entre governo e empresários garantirá avanços com jogos
Na abertura do Congresso Brasileiro de Atividade Turística, deputados, representantes do governo e do setor ressaltam a necessidade de ações coordenadas para que o País fique com um relevante legado após a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016.
01/12/2010 - 15:46

O foco em investimentos que tragam resultados sociais e econômicos mesmo após a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 e a importância da parceria entre governo e empresários pautaram os discursos na abertura do XII Congresso Brasileiro de Atividade Turística (Cbratur), na Câmara, nesta quarta-feira. O 1º vice-presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), defendeu que a realização dos eventos no Brasil dialogue com o crescimento do País.
Marco Maia destacou ainda que a Câmara deve discutir à exaustão as ações necessárias para que o Brasil promova as competições com eficiência e reforce que não é uma nação de terceiro mundo. Para ele, é preciso ter em mente que os resultados podem e devem ser colhidos, mesmo após o fim dos jogos, no turismo e em outros setores da economia.
“Esses eventos, além de mexerem com a emoção das pessoas, trazem uma grande oportunidade de desenvolvimento”, disse o deputado. Maia também defendeu a continuidade do ministro Luiz Barretto à frente do Turismo.
O ministro Luiz Barretto concordou que os jogos trazem uma grande oportunidade para que o País se desenvolva, mas argumentou que a responsabilidade pelo sucesso dos eventos deve ser compartilhada entre o governo e o setor privado. Para ele, só a ação coordenada pode garantir a qualidade da recepção aos turistas e motivá-los a retornar.
De acordo com o presidente da Confederação Nacional de Turismo (CNTur), Nelson de Abreu Pinto, o setor público pode contar com o apoio da iniciativa privada para tornar a atividade mais competitiva. Segundo ele, o compromisso da entidade é atuar em todas as frentes para tornar o segmento mais profissionalizado. “Vamos trabalhar para que o turismo esteja entre as principais atividades econômicas desta década”, prometeu.

Ações necessárias
Barretto elencou quatro pontos importantes para que o Brasil colha os benefícios durante e após as competições. “É preciso investir na qualificação profissional, na infraestrutura turística, na hotelaria e na promoção da imagem do Brasil”, resumiu. Ele destacou que já há programas em andamento para capacitação de profissionais e que foram investidos quase R$ 6 bilhões em infraestrutura de turismo nos últimos anos. Além disso, foi ampliada a linha de financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDESO Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social é uma empresa pública federal vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. O banco financia principalmente grandes empreendimentos industriais e de infra-estrutura, mas também investe nas áreas de agricultura, comércio, serviço, micro, pequenas e médias empresas, educação e saúde, agricultura familiar, saneamento básico e ambiental e transporte coletivo de massa.) para empresas hoteleiras.
Na avaliação do secretário-executivo do Ministério do Esporte, Waldemar de Souza, o Brasil estará preparado, em termos de infraestrutura, para receber os jogos. “As obras que requerem maior tempo de maturação já estão em fase de conclusão de estudos e há tempo suficiente para concluí-las”, disse. Souza afirmou ainda que há possibilidade de se buscar medidas para acelerar a execução dessas demandas.
Agências de viagens
A presidente da Comissão de Turismo e Desporto, deputada Professora Raquel Teixeira (PSDB-GO), comprometeu-se a reunir-se com o deputado Marco Maia para pedir a votação do Projeto de Lei 5120/01, do deputado Alex Canziani (PTB-PR), que regulamenta a atuação das agências de viagens. Entre outros pontos, a proposta autoriza as agências a representar o consumidor em ações por dano material ou moral. O projeto aguarda votação em plenário.

Raquel Teixeira reforçou que o diálogo entre o Legislativo, o Executivo e empresários que atuam no setor é fundamental para que a atividade torne-se mais profissional. “A oportunidade de sediar o Mundial da Fifa criou para o setor a oportunidade de se modernizar e se aperfeiçoar, para ficar mais competitivo e atraente”, afirmou.
A deputada disse ainda que, para ficar entre os principais destinos turísticos do planeta, não bastam belezas naturais, diversidade cultural ou culinária rica. “É preciso infraestrutura de aeroportos e hotéis, além de mão-de-obra capaz de atender as demandas dos mais diversos tipos de consumidor.”
A presidente da Empresa Estadual de Turismo do Estado do Amazonas (Amazonastur), Oreni Braga, defendeu que os investimentos para o setor não fiquem só em promessas. Para ela, também não basta que o dinheiro vá apenas para a ampliação de aeroportos. “É preciso estruturar o setor como um todo para que o turismo também seja um produto de exportação”, afirmou. Ela reclamou que, apesar de grandes quantias prometidas por parlamentares, a liberação das verbas, muitas vezes, é de 10% do que foi anunciado.
Também participaram da abertura do congresso o presidente da Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo do Senado, senador Neuto de Conto (PMDB-SC); o presidente da Federação Nacional de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares, Alexandre Sampaio; e o presidente do Fórum Nacional dos Secretários e Gestores Estaduais de Esporte e Lazer, George de Mello Braga.
O congresso prossegue nesta tarde. Confira a programação do evento.
Reportagem – Rachel Librelon
Edição – Marcos Rossi