Cbratur quer coibir turismo sexual durante a Copa de 2014

25/11/2009 - 22:59  

Durante o 11º Congresso Brasileiro da Atividade Turística (Cbratur) foram discutidas também formas de evitar que o turismo tenha traços predatórios. Para o policial federal Marcelo Fernando Borsio é preciso realizar um trabalho especial no combate à exploração sexual no turismo com enfoque na Copa do Mundo de 2014.

O policial destacou uma ação conjunta da Polícia Federal com autoridades locais no Ceará que gerou um ótimo retorno e, por isso, será repetido no Rio Grande do Norte. A escolha não foi feita ao acaso. Fortaleza foi, nos nove primeiros meses do ano, o terceiro principal destino de vôos internacionais, atrás apenas de São Paulo e do Rio de Janeiro. De acordo com Borsio, parte desse fluxo foi de turistas com objetivos sexuais. “Nosso objetivo é fazer com que esse projeto seja estendido a todo o País e especialmente para os estados do Nordeste”, disse.

A professora do Centro de Excelência em Turismo da Universidade de Brasília Iara Brasileiro concorda com a PF. “O termo turismo sexual está errado, isso não é um tipo de turismo, é uma anomalia. Por isso a forma nova utilizada pela polícia de 'exploração sexual no turismo' é muito mais correta”, afirmou.

Ela também pediu que ações de combate a essa prática não se restrinjam apenas ao período da Copa do Mundo. Iara questionou o que será feito após o encerramento da competição. “Temos que construir uma rede de proteção para essas crianças e adolescentes para que elas não sejam mais vítimas desse mal”, afirmou.

O Presidente da Associação Brasileira de Jornalistas Especializados em Turismo, Cláudio Magnavita, concordou. “Qual é a imagem que queremos dar do Brasil. Temos a chance de mostrar uma nova imagem do País, mas para isso precisamos acabar com esse tipo de turista”, acrescentou.

As deputadas Lídice da Mata (PSB-BA) e Thelma de Oliveira (PSDB-MT) lembraram que há uma agenda que precisa ser cumprida para adequar o País ao eventos que serão realizados na próxima década e esse trabalho deve incluir a construção dessa rede de proteção, sem a qual nenhum trabalho de proteção da juventude terá sucesso.

Visto para tripulantes
O vice-presidente da Associação Brasileira de Representantes de Empresas Marítimas, José Posada, ressaltou que também os portos nacionais precisam ser reformados para estimular os grande navios a virem para o Brasil em uma época em que será alta temporada para eles na Europa.

Uma providência considerada útil por ele é facilitar a emissão de vistos para as tripulações de navios internacionais. Ele afirmou que muitos armadores se sentem pouco estimulados a aportar no Brasil porque basta que eles pararem em dois portos para serem considerados como transporte de cabotagem. Nesse caso, é exigido visto de trabalho para toda a tripulação. “Muitos navios preferem ir direto para o Uruguai e a Argentina por causa disso”, disse.

Reportagem - Juliano Pires
Edição - Natalia Doederlein