27/06/2023 14:46 - Comunicação
Radioagência
Especialistas defendem legislação para combater a dependência tecnológica
ESPECIALISTAS DEFENDERAM UMA LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA PARA COMBATER A DEPENDÊNCIA TECNOLÓGICA. ELES CONVERSARAM COM PARLAMENTARES EM AUDIÊNCIA PÚBLICA NA COMISSÃO DE CULTURA DA CÂMARA. A REPORTAGEM É DE LARA HAJE.
Especialistas ouvidos pela Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados (27) alertaram para os impactos da dependência tecnológica na sociedade e sugeriram uma série de iniciativas para lidar com a questão, como a formação de um grupo de trabalho sobre o tema e uma legislação específica.
O deputado Aureo Ribeiro (Solidariedade-RJ), que pediu o debate, informou que em 2015 apresentou um projeto (PL 2498/15) propondo a criação de centros de atenção aos usuários compulsivos de internet e redes sociais. O parlamentar lamenta que a proposta caminhe lentamente na Casa; na avaliação dele, por pressão das grandes empresas de tecnologia, as chamadas big techs. O projeto prevê que os provedores de acesso à internet mantenham pelo menos um centro de atenção a usuários compulsivos em cada estado.
A psicóloga Aline Paz disse que há dois tipos de dependência. Uma “natural”, que permite aos usuários tirar proveito das tecnologias, sem sofrimento quando não há possibilidade de acessá-las. E a outra, a dependência “patológica”, que gera medo, angústia e ansiedade, quando não há possibilidade de acesso ao celular, computador e internet. Segundo a psicóloga, essa dependência patológica recebe o nome de “nomofobia”, que vem do inglês, no-mobile phobia. O tratamento inclui o uso de medicamentos, como antidepressivos e ansiolíticos, e terapia cognitivo-comportamental.
Aline Paz manifestou apoio ao projeto de lei do deputado Aureo Ribeiro e considera importante a adoção de políticas públicas para alertar a população sobre os efeitos nocivos da dependência tecnológica, por exemplo, por meio de campanhas do Ministério da Saúde e por meio da educação na escola para uso adequado das tecnologias.
O coordenador do grupo de dependências tecnológicas do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, Cristiano Nabuco, contou de um caso grave de um menino de 15 anos, que fica conectado a jogos online 55 horas ininterruptas.
“Ele não sai para se alimentar, ele urina na calça, e ele evacua na calça exatamente para não parar de jogar. Ou seja, as pesquisas vão mostrar que os caminhos, os circuitos neuronais do nosso cérebro que são ativados quando ele usa a tecnologia, eles são muito parecidos com aqueles que são ativados quando ele consome álcool ou drogas. ”
O especialista defende, além de uma legislação específica sobre o tema, a criação de um grupo de trabalho para estudar a questão; o desenvolvimento de um programa de orientação com divulgação em larga escala na mídia; a instituição do “Dia detox Brasil”; e o treinamento de profissionais da saúde, da educação e do direito para lidar com o problema.
O deputado Aureo Ribeiro apoiou a sugestão do especialista:
“Acho que a sugestão aqui no senhor Cristiano Nabuco é fundamental para a Câmara dos Deputados: estabelecer um grupo de trabalho para que a gente possa debater neste grupo de trabalho a legislação brasileira e como vamos enfrentar este grande problema, que não é só do Brasil, mas do mundo. ”
O deputado estuda propor também uma frente parlamentar para tratar do tema da dependência tecnológica.
Da Rádio Câmara, de Brasília, Lara Haje








