28/06/2022 17:06 - Agropecuária
Radioagência
“Diplomacia do fertilizante” mantém o fornecimento do produto no agro, diz governo
GOVERNO DIZ QUE “DIPLOMACIA DO FERTILIZANTE” TEM GARANTIDO O FORNECIMENTO DO PRODUTO PARA O AGRONEGÓCIO BRASILEIRO. O REPÓRTER JOSÉ CARLOS OLIVEIRA ACOMPANHOU A REUNIÃO DO SETOR COM DEPUTADOS.
O diretor de programa da secretaria executiva do Ministério da Agricultura atribuiu à diplomacia o atual quadro de normalidade no abastecimento de fertilizantes no Brasil, mesmo em cenário de guerra na região que abriga as maiores reservas de insumos para o produto. Luís Rangel foi um dos convidados da audiência pública da Comissão de Agricultura (CAPADR) da Câmara dos Deputados (em 28/06) para debater a instabilidade internacional no fornecimento de fertilizantes diante do conflito entre Rússia e Ucrânia.
“A primeira ação foi o que chamamos de diplomacia dos insumos, diplomacia dos fertilizantes: deixou de agir apenas na questão de promover o nosso agronegócio lá fora, mas também a agir no sentido de garantir o abastecimento dos insumos que vinham de fora para dentro. Só da Rússia, nós aumentamos as importações em 70% no primeiro trimestre”.
A estratégia foi elogiada pelo diretor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Reginaldo Minaré, que ressaltou a “acanhada” produção doméstica e a grande dependência do país de nitrogênio, fósforo e potássio (NPK) importados. Dados da CNA atualizados até maio mostram Rússia (22,9%), China (12,6%), Canadá (10,3%) e Belarus (5,4%) como as principais fontes dos fertilizantes usados no Brasil. Ainda pairam dúvidas quanto aos reflexos da guerra na safra agrícola do hemisfério norte e nos preços internacionais dos insumos, o que leva Luís Rangel, do Ministério da Agricultura, a manter um tom de alerta.
“O sinal é amarelo: apesar de todos os esforços, o preço dos fertilizantes disparou e isso foi dramático para o que chamamos de custo variável de produção”.
Com a alta nos preços, o papel dos fertilizantes subiu de 30% para até 43% nos custos de algumas lavouras. A audiência na Câmara foi organizada pelo deputado Bosco Costa (PL-SE).
“A gente sabe que o agro vem dando grande contribuição ao PIB do Brasil. Como 23% dos insumos dos fertilizantes vêm da Rússia, a gente sabe que a guerra está prejudicando muito a questão do agro no Brasil”.
Na busca de soluções, governo e CNA defenderam a aprovação de propostas que tratam do Programa de Desenvolvimento da Indústria de Fertilizantes (PL 3507/21) e da regulamentação dos bioinsumos (PL 658/21), ambas em análise na Câmara. O presidente do Comitê Gestor de Nutrientes da Embrapa, Vinícius Benites, não vê solução imediata.
“O Brasil depende e dependerá, por muito tempo, da importação de fertilizantes. O problema dos fertilizantes no Brasil é uma questão estrutural. Temos um problema geológico: as nossas fontes de fósforo e potássio não são suficientes para suprir a nossa demanda”.
Segundo Benites, o Brasil pode aproveitar a crise para investir em novas tecnologias, algumas delas já em análise na Rede FertBrasil, como redução da quantidade de adubação, aproveitamento de pastagens degradadas (sistema de integração lavoura-pecuária), nutrientes organominerais e o uso de resíduos orgânicos.
“O que existe de potássio em dejetos de suínos e aves é mais do que a (atual) produção nacional de potássio”.
A Agência Nacional de Mineração (ANM) analisa hoje 381 processos relativos à produção de potássio no Brasil, sendo 284 autorizações de pesquisa, 16 requerimentos de lavra, 9 concessões de lavra e 72 requerimentos de pesquisa. Algumas áreas de lavra estão na região de Autazes, no Amazonas, em região ambientalmente frágil e próxima a terras indígenas delimitadas. O superintendente de pesquisa da ANM, Ricardo Parahyba, disse que, mesmo em caso de liberação da licença, ainda haverá muito tempo até a efetiva produção. Os debatedores defenderam mais investimento no Serviço Geológico do Brasil (CPRM) a fim de ampliar o mapeamento do subsolo do país.
Da Rádio Câmara, de Brasília, José Carlos Oliveira








