04/07/2018 19:43 - Segurança
Radioagência
Ministro da Defesa defende venda de parte da Embraer e oposição discorda
O comandante da Aeronáutica, Nivaldo Luiz Rossato, disse aos deputados da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (4/7) que a Embraer não pode deixar de analisar propostas de parceria com outras empresas, pois precisa de recursos para tocar seus projetos. Ele lembrou que a maior parte dos projetos da Embraer vem do governo. Durante a audiência, o ministro da Defesa, Joaquim Silva e Luna, disse aos parlamentares que os recursos orçamentários têm sido insuficientes para os investimentos necessários em vários setores.
Questionado pelos parlamentares sobre a venda de parte da Embraer para a Boeing, Rossato disse que os entendimentos feitos até agora preservam totalmente as subsidiárias da empresa na área de defesa. Ele explicou que a Embraer está finalizando os projetos dos aviões E-2 e KC-390:
"São dois grandes projetos e que tinha milhares de engenheiros envolvidos. É possível que com a finalização destes projetos haja demissões nesta área. Não quer dizer que tenha que haver. Mas, ou tem outros projetos ou pode haver demissões. Então é justo, vamos dizer assim, que a empresa analise as possibilidades nestas situações para oportunamente apresentar isso ao governo; que ainda não foi apresentado. Não existe nada de concreto, tem estudos sendo feitos; mas nós estamos considerando muito essa questão de soberania."
O deputado Carlos Zarattini (PT-SP) afirma que o governo deveria preservar a empresa integralmente:
"É um crime de lesa-pátria. Nós estamos entregando um desenvolvimento aeronáutico feito por engenheiros brasileiros, pela força aérea, pelo conhecimento do nosso país. A política que a própria Boeing falou é de renovar o seu quadro de engenheiros com os engenheiros brasileiros. Então os engenheiros brasileiros serão transferidos para os Estados Unidos? E quem vai garantir que a produção das aeronaves não vai ser transferida também daqui dois ou três anos?"
A deputada Jô Moraes (PCdoB-MG) questionou o ministro Joaquim Silva e Luna sobre a intervenção na área de Segurança Pública do Rio de Janeiro. Para ela, os recursos gastos na intervenção deveriam ser direcionados para os sistemas de defesa nas fronteiras, coibindo o tráfico de armas e de drogas. Mas o ministro acredita que haverá um saldo positivo da intervenção sob a ótica da reestruturação das forças policiais:
"Do treinamento do pessoal, da motivação daquela gente, dos seus pagamentos, do seu treinamento como polícia militar, indo para o stand de tiro. Do seu armamento, que está sendo comprado. Sabe-se que o policial muitas vezes usa o armamento até a sua exaustão e não faz a manutenção, não limpa, não cuida. Em seguida começa a dar problema. Então toda uma cultura está sendo feita. A entrega das viaturas, a manutenção das viaturas existentes. Entra todo um trabalho de melhorar a estrutura de modo que, não as Forças Armadas, mas as polícias militares adquiram condições para cumprir suas funções como polícia militar."
O ministro Joaquim Silva e Luna disse que o orçamento que pode ser usado para despesas não obrigatórias das Forças Armadas é de apenas R$ 13,3 bilhões em 2018 e que o total vem caindo ano a ano. Segundo ele, há risco de redução das atividades nas áreas de fronteiras, na Antártica e até em horas de voo caso não sejam aportados mais R$ 5 bilhões em 2019. O ministro ainda apresentou tabelas que mostram que os militares ganham menos que várias forças policiais estaduais.








