26/03/2018 17:39 - Saúde
Radioagência
Câmara pode sugerir criação de comitê interministerial para ajudar no combate à tuberculose
A noção muitas vezes romantizada da tuberculose, doença ligada à boemia, que matou poetas como Castro Alves e Lord Byron, esconde uma realidade para lá de preocupante, que comprova que a tuberculose não é coisa do passado e nem tem nada de romântica.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, só na região das Américas, em 2016, foram registradas 23 mil mortes por tuberculose. No mesmo ano, 222 mil novos casos foram notificados. E a situação pode ser ainda pior: cerca de 50 mil pessoas a cada ano não são diagnosticadas e, portanto, não são tratadas. Ou seja, podem contagiar outras pessoas e perpetuar a doença.
Durante sessão solene realizada na Câmara, o presidente da Rede Brasileira de Pesquisas em Turberculose, Afrânio Kistki, ressaltou que a tuberculose tem cura, mas o tratamento é longo e os pacientes muitas vezes acabam abandonando o processo ou sendo abandonados pelo sistema de saúde. Para cumprir a meta da OMS de erradicar a epidemia de tuberculose nas Américas até 2030, Kistki afirma que é preciso trabalhar em três frentes:
"O pilar um é você investir na intersetorialidade, investir na agilização do diagnóstico precoce e tratamento adequado da tuberculose ativa e também tuberculose latente. O pilar dois é você promover ações que previnam a vulnerabilidade das pessoas que são mais afetadas pela tuberculose. E o pilar três é você investir maciçamente no desenvolvimento de novas tecnologias, novos medicamentos, novas vacinas e novas estratégias de cuidado."
O diretor do Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Márcio Henrique de Oliveira Garcia, comentou as parcerias que o governo vem fazendo para tentar erradicar a doença.
"Uma parceria do Ministério da Saúde com o Ministério da Justiça para reforçar o enfrentamento da tuberculose nas populações privadas de liberdade. E também o lançamento do protocolo de vigilância de óbito da tuberculose. É claro que nós não queremos o óbito, mas esse óbito ainda existe e a gente precisa entender porque as pessoas estão morrendo com tuberculose para que a gente evite novos óbitos."
Mas o representante do Ministério da Saúde reconhece que o trabalho ainda é insuficiente para cumprir a meta. Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde, a incidência de tuberculose nas Américas tem sido reduzida em 1,7 por cento ao ano. Para erradicar a doença até 2030, seria necessário reduzir essa incidência em 5,3 por cento ao ano.
A deputada Erika Kokay, do PT do Distrito Federal, foi quem propôs a solenidade. Para ela, além do enfoque nas Américas, o Brasil precisa trabalhar conjuntamente com os países que compõem os BRICS - Rússia, Índia, China e África do Sul.
"No BRICS nós temos 36% da incidência de TB, 40% das mortes e os novos casos por volta de 46%, o que faz com que nós tenhamos que trabalhar na perspectiva da construção de uma frente parlamentar dos BRICS, para que nós possamos envolver os países dos BRICS num olhar diferenciado para o combate à tuberculose."
Erika Kokay vai propor também que a Câmara realize uma audiência pública que defina uma agenda de enfrentamento à tuberculose. Uma das possibilidades citadas pela deputada é pedir ao governo a criação de um comitê interministerial que elabore estratégias em diferentes campos, como por exemplo ciência e tecnologia e atendimento a comunidades vulneráveis.








