08/12/2016 18:43 - Comunicação
Radioagência
Especialistas discutem na Câmara novas metodologias de prevenção às drogas
Especialistas apostam em novas metodologias de comunicação para prevenir o uso de drogas entre crianças e adolescentes. O tema foi debatido (em 8/12) em audiência pública da Comissão de Educação da Câmara, que reuniu representantes de órgãos públicos, de entidades civis e da Organização das Nações Unidas envolvidos na prevenção e combate às drogas. Os convidados partiram de uma constatação: o aumento de 7% para 9% no índice de estudantes que já usaram drogas ilícitas, de acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (Pense), feita pelo IBGE entre 2015 e 2016. Representantes dos Ministérios da Educação e da Saúde afirmam que fatores psicológicos e o ambiente familiar são determinantes neste quadro. Na maioria das vezes, o uso das drogas ilícitas começa com o consumo das lícitas, como álcool e cigarro. Para enfrentar essa situação, a coordenadora geral da Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas, Ana Ferraz, defendeu ações conjuntas de prevenção, envolvendo, por exemplo, cultura, educação, segurança pública e saúde.
"A proposta é trabalharmos com o foco nas pessoas, fortalecendo as habilidades de vida, o autoconhecimento, os vínculos familiares, os vínculos institucionais, as relações de confiança e as relações de grupo em que as crianças possam tomar decisões e ter reflexões críticas sobre os seus comportamentos. Mais do que ficarmos falando sobre as drogas em si, nós temos que falar sobre o fortalecimento das pessoas".
Por recomendação do escritório da ONU sobre drogas e crimes (UNODC), o governo brasileiro adota três programas de prevenção nesta linha citada por Ana Ferraz: "Elos", "Tamo Junto" e "Famílias Fortes". Já o presidente da ONG About Face, Guilherme Santos, conduz o projeto "Tô Ligado", no qual uma equipe multidisciplinar usa uma central de comunicação e produção de conteúdo para se comunicar diretamente com professores, pais e alunos.
"A gente tem que melhorar isso com esse formato e arcabouço tecnológico e mediático que se tem hoje no mercado. É preciso de novos modelos e formatos de comunicação de como chegar junto a esses meninos, porque discurso de 'tiozinho' falando sobre droga, fazendo panfletinho e uma cartilhazinha cheia de texto, o menino nem quer ver isso: entra em um ouvido e sai no outro. Quem não sabe o que é storytelling, gameficação e transmídia tem que saber porque esse é o modelo de base de comunicação hoje".
Delegado aposentado da Polícia Federal, o presidente da International Police Association, Joel Mazo, lembrou que o mundo das drogas funciona como uma grande empresa multinacional. Para ele, a prevenção eficaz virá da educação, por sua relação direta com o processo de formação das crianças. Depois, deve-se investir na contenção das drogas, a fim de frear a demanda, segundo Mazo. O deputado Doutor Jorge Silva, do PHS do Espírito Santo, criticou a falta de continuidade das políticas públicas antidrogas diante das mudanças de gestão no governo federal.
"Essa descontinuidade dificulta as ações de construção de políticas públicas. Acho que é um novo momento de a gente retomar esse assunto. Essa Casa é o local certo. Não sei se existe outro espaço que tenha a oportunidade de reunir pessoas de setores diferentes para fazermos essa aproximação e construir soluções que são complexas".
De forma geral, os convidados da audiência pública concordaram que as estratégias baseadas em repressão ao usuário não funcionam.








