29/11/2016 15:12 - Direitos Humanos
29/11/2016 15:12 - Direitos Humanos
A inclusão de jovens negros no mercado de trabalho foi um dos pontos abordados por deputados e representantes do movimento negro que participaram nesta terça-feira (29), na Câmara dos Deputados, da sessão solene que lembrou o Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro. Eles reconheceram que as cotas para ingresso de negros nas universidades brasileiras é um avanço, mas acreditam que agora o setor empresarial precisa se abrir para absorver os egressos do ensino superior.
Para o diretor geral da Faculdade Zumbi dos Palmares, José Vicente, o Brasil precisa fazer um chamamento ao ambiente corporativo para que as oportunidades sejam colocadas para esses jovens.
"Se tivéssemos um ambiente empresarial dizendo que a diversidade é um valor negocial, é um valor social, se nós tivéssemos esse ambiente empresarial se juntando a uma força transformadora de mentes e atitudes, nós seguramente correríamos muito mais tempo para permitir que esse público pudesse ser integrado."
Na política, o mesmo quadro se repete, como lembrou o deputado Vicentinho, do PT de São Paulo.
"Nós somos poucos aqui na Câmara dos Deputados. Nós somos pouco mais de 4%, enquanto a comunidade é mais da metade. Precisamente, somos 19 deputados aqui nesta Casa, mas fazemos um barulho de 60."
Em discurso enviado ao Plenário, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, afirmou que "estabelecer diferenças por motivos raciais é um atraso". Ele lembrou que a Constituição de 1988 repudiou o racismo expressamente, definindo-o como crime inafiançável e imprescritível. Ainda assim, o mal se manifesta na sociedade brasileira por meio da violência que afeta brancos e negros de forma diferente.
E trata-se de um racismo que se modifica à medida que a sociedade se modifica, segundo a secretária de Promoção da Igualdade Racial, Luislinda Valois.
"Pela internet, o cidadão fraco, pequeno, menor, ele se aproveita daquele aparelhozinho minúsculo, às vezes muito caro, e se esconde para nos agredir."
A violência se manifesta também por meio da intolerância religiosa, conforme lembrou o presidente da Fundação Cultural Palmares, Erivaldo Oliveira da Silva, em referência a ataques sofridos por terreiros de candomblé e umbanda.
"O que está acontecendo com os cultos das religiões de matriz africana atualmente no Brasil é um desrespeito à cultura brasileira e afro-brasileira."
Erivaldo Silva clamou aos parlamentares que apresentem emendas voltadas à fundação para o desenvolvimento de ações de valorização da cultura negra. A deputada Tia Eron, do PRB da Bahia, concordou que tratar da questão racial sem recursos é inócuo.
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