08/11/2016 20:09 - Direito e Justiça
Radioagência
Em processo contra Jean Wyllys no Conselho de Ética, Alberto Fraga diz que cuspe foi injúria
O Conselho de Ética da Câmara ouviu, nesta terça-feira, os primeiros depoentes no caso do cuspe de Jean Wyllys em Jair Bolsonaro. O episódio ocorreu em 17 de abril, no Plenário da Câmara, durante a votação da admissibilidade do processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Para a Mesa Diretora da Câmara, o deputado Jean Wyllys, do PSOL fluminense, feriu o decoro parlamentar ao cuspir na direção do deputado Jair Bolsonaro, do PSC, também do Rio de Janeiro. Na representação enviada ao Conselho de Ética, a Mesa pede a suspensão do exercício do mandato de Wyllys por até seis meses. Primeiro a depor, o deputado Alberto Fraga, do DEM do Distrito Federal, classificou de "injuriosa" a atitude de Wyllys.
"Após a declaração de voto do deputado Jean Wyllys, eu percebi que ele cuspiu no deputado Jair Bolsonaro. A esquerda fala muito em tolerância, mas a intolerância maior parte deles. Já tive embates acalorados dentro do Plenário, mas jamais presenciei uma atitude injuriosa como essa, de cuspir em um colega. Cuspir na cara de um parlamentar é uma agressão pior do que, às vezes, um tapa na cara ou até mesmo uma palavra dita de forma injuriosa".
Segundo Fraga, Jean Wyllys também chamou Bolsonaro de "canalha" e "fascista". Outro depoente, o deputado Sóstenes Cavalcante, do DEM fluminense, disse ter recebido a maior parte da cusparada, logo após Bolsonaro ter dito "tchau, querida" na direção de Wyllys. Apesar disso, Sóstenes e Fraga disseram não ter visto ou ouvido nada que justificasse a atitude de Wyllys. Já para o deputado Chico Alencar, do PSOL do Rio de Janeiro, o Conselho de Ética "perde tempo" com esse processo. Alencar afirmou que Wyllys jamais negou o fato e reagiu a provocações de Bolsonaro.
"Ao regressar para a nossa bancada, ele me contou que, em função da pressão, do bullying e das agressões que sofreu, tinha reagido com cuspe na direção do deputado Bolsonaro. O que eu vi, nos vídeos, foi essa situação de provocação (de Bolsonaro) e de reação do deputado Jean Wyllys de maneira incomum, não correta do ponto de vista da relação entre nós, mas que tem que ser compreendida à luz dessa circunstância. Eu acho que o Conselho não pode e não deve ser palco desse tipo de embate".
Chico Alencar também manifestou revolta com o que chamou de "fraude" em um vídeo divulgado pelo filho de Jair Bolsonaro, deputado Eduardo Bolsonaro, do PSC paulista, com uma leitura labial que sugeriria uma premeditação de Jean Wyllys em relação à cusparada. Alencar ressaltou ainda que Eduardo Bolsonaro também cuspiu na direção de Jean Wyllys e, nem por isso, foi alvo de representação no Conselho de Ética. O relator do caso, deputado Ricardo Izar, do PP paulista, deve apresentar parecer final sobre o caso ainda neste mês.
"A representação veio da Mesa Diretora e a gente, como membro do Conselho, é obrigado a acatar e a abrir a representação. Já solicitamos as imagens da TV Câmara e de outras televisões. Vamos analisar todas a imagens, descartar, logicamente, aquelas que foram editadas e ver o que aconteceu, de fato: se foi uma ação, se foi uma reação. Para cada tipo de atitude, existe uma penalização".
Outros quatros deputados devem ser ouvidos, nesta quarta-feira, na representação contra Jean Wyllys.








