14/09/2016 21:22 - Segurança
Radioagência
Participantes de audiência relatam casos de violência policial contra manifestantes
Profissionais apresentaram relatos de violência policial sofridos em diferentes locais do Brasil nos últimos meses, em especial durante manifestações, na audiência na Comissão de Direitos Humanos e Minorias nesta quarta-feira (14).
O advogado Mauro Rogério Silva contou que, ao buscar o filho em uma manifestação, em agosto, no Rio Grande do Sul, foi agredido por policiais militares ao questionar a abordagem a dois jovens que estariam pichando prédios. Segundo a polícia, o primeiro a agredir teria sido o próprio advogado.
Para Silva, a ação policial não deve tirar a confiança nas instituições.
"Algumas vezes faz quase com que a gente perca a fé nas instituições. Mas eu penso que é exatamente o contrário, nós temos de firmar: nós temos instituições, nós temos no Brasil o Judiciário, nós temos o Ministério Público que não se resume a um indivíduo aqui e outro acolá. Nós temos de crer nessas instituições. Crer, inclusive, no trabalho da polícia, que é avalizado pela atuação do advogado."
O jornalista Fausto Salvadori Filho relatou o caso do capitão do Exército William Botelho, que teria se infiltrado em um grupo de manifestantes contra o governo Temer para monitorar a ação dos jovens.
Segundo Salvadori, o oficial já teria se infiltrado em vários movimentos sociais ao longo de 2015, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).
A procuradora-federal dos Direitos do Cidadão do Ministério Público Federal (MPF), Deborah Duprat, condenou a monitoração dos movimentos sociais. De acordo com ela, o fato de pertencer a movimento social, atualmente, é visto como um indicador de ser de organização criminosa.
Para Deborah Duprat, a violência policial da atualidade é reflexo de uma transição incompleta da ditadura militar.
"A punição dos responsáveis de tortura é fundamental para impedir que essa prática se reproduza no futuro. Sem essa punição, nós, de certa forma, temos uma linha de continuidade entre práticas do passado e do presente."
O presidente da Comissão de Direitos Humanos, deputado Padre João, do PT mineiro, afirmou que o colegiado enviará notificações para pedir esclarecimentos sobre os relatos.
"Estamos formalizando pedido aos governadores, aos secretários de segurança dos estados, sobretudo de São Paulo, do Rio Grande do Sul, do Paraná. Estamos também solicitando à Procuradoria-Geral da República que tomem providências, além do próprio Ministério Público Federal."
Padre João também reclamou da ausência de quórum de deputados da base governista para conseguir votar requerimentos para convocar à Comissão os ministros da Justiça, da Defesa e da Segurança Institucional para falar sobre os recentes casos de violência.








