24/08/2016 19:16 - Saúde
Radioagência
Especialista diz que falta políticas públicas para enfrentar a incidência da Aids entre os deficientes
A falta de dados para orientar políticas públicas e a ausência de campanhas educativas e de prevenção podem ser consideradas as principais barreiras para enfrentar a incidência da Aids entre os deficientes.
Segundo participantes da audência da Comissão de Defesa das Pessoas com Deficiência, que discutiu o tema nesta quarta-feira, os deficientes são invisíveis quando se trata das campanhas, por exemplo.
Kátia Edmundo, diretora do Projeto Caminhos da Inclusão, destacou a importância de se levar a questão do enfrentamento do vírus HIV e do deficiente para as ruas.
"A gente precisa de trabalho específico, mas a gente precisa de trabalho também transversalizado. Então, que nas campanhas de HIV/Aids, pessoas com deficiência possam ter lugar. Que as pessoas possam ser visíveis nesse processo. Os jovens que são afetados, não se vêem, não se reconhecem."
Stefany Dias da Silva, representante da Rede Jovens de São Paulo, concorda que as campanhas deveriam ter foco nas pessoas com deficiência, especialmente os jovens. Ela observa que, em geral, a sociedade não atenta para a sexualidade das pessoas com deficiência.
"Eles acham que o jovem com deficiência não tem vida sexual ativa ou não são capazes de ter uma vida sexual ativa. E não é bem assim. O jovem com deficiência ama, sente atração, ele sente tudo que um jovem normal sente. A única diferença é que ele é um pouco diferente nas limitações. Só isso."
Já a deputada Erika Kokay (PT-DF), autora do pedido para a audiência, destacou a carência de dados epidemiológicos para saber quantas e quem são as pessoas portadoras de deficiência convivendo com o vírus da Aids. Segundo ela, isso prejudica a implantação de políticas públicas.
"Nós sabemos do aumento da incidência de Aids entre jovens homens que fazem sexo com homens. Isso possibilita que façamos políticas direcionadas, a partir desse perfil epidemiológico. Mas, as pessoas com deficiência são invisibilizadas. Não há dados."
Marcelo Freitas, representante do Ministério da Saúde, admite que não há dados, mas ressalta o esforço para se alcançar um caminho nessa batalha.
"Nós não temos ainda os números de incidência nessa população específica. Esse é um desafio no mundo todo. A gente tem tentado desenvolver. Agora, estamos criando linhas específicas para conseguir ter número de novos casos em populações específicas. Nós achamos que aí teremos uma ideia melhor dos números aqui no Brasil."
Marcelo Freitas destacou ainda que além de dados sobre a incidência da Aids entre deficientes, é importante também caracterizar o grau de vulnerabilidade dessas pessoas. Dessa forma, segundo ele, políticas públicas mais eficientes poderão ser desenvolvidas.








