21/12/2015 19:24 - Política
Radioagência
Cunha ressalta atuação independente da Câmara em 2015 e prevê ano novo difícil para o brasileiro
A posse do ministro Nelson Barbosa no Ministério da Fazenda terá impacto negativo no mercado. A avaliação é do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. Segundo ele, mesmo com a habilidade e a capacidade de Barbosa, a mudança no ministério significa o retorno da economia para as mãos da presidente Dilma Rousseff, o que vai afastar investidores, aumentar o dólar e aprofundar o processo de recessão.
Para Eduardo Cunha, uma recuperação da confiança do mercado depende dos atos do ministro.
"Eu acho até ele capaz. O problema é que a sinalização que está sendo dada aos mercados é que o comando da economia voltou para a presidente da República, que, na realidade, nunca saiu. Então, consequentemente, os mercados não acreditam na presidente no comando da economia porque veem a presidente como a responsável pelas pedaladas e tudo aquilo que gerou descompasso na economia e de fracasso na política, que gerou a recessão que a gente está passando hoje. Vai ser muito difícil o Barbosa eliminar essa percepção do mercado."
Eduardo Cunha prevê um 2016 difícil para o brasileiro. De acordo com o presidente, a Câmara está fazendo seu papel no sentido de evitar aumentos de impostos, mas é o Executivo que toma as decisões mais impactantes na vida das pessoas, principalmente nas questões de economia.
"Quando a economia vai mal, o brasileiro vai mal. Quando você tem um ano em que você perdeu um milhão e meio de postos de trabalhos, quando se terminou com uma inflação de quase 11% ao ano, que você teve, além da perda de emprego, a perda de renda causada pela inflação e a defasagem salarial que aconteceu e, ao mesmo tempo, muitos benefícios foram perdidos, você começa a ficar preocupado com 2016."
Cunha também fez um balanço sobre as atividades da Câmara em 2015. Para o presidente, mesmo com a aprovação de matérias importantes, como a reforma política, o destaque do ano foi a atuação independente da Casa.
"2015 foi um ano, talvez, em que a Câmara dos Deputados tenha mais produzido. Mais votações que se teve, não só pelo fato de a gente passar a ter votado todos os dias da semana, quinta-feira até tarde, teve quinta-feira de votarmos dez destaques de emendas constitucionais com quórum qualificado, ou seja, a Câmara voltou a ter uma atividade muito intensa. Várias pautas que não são nossas, conseguimos votar todas as pautas do Poder Executivo, concordando ou discordando, mas votamos. E, efetivamente, conseguimos ter uma pauta própria da Câmara dos Deputados. Votamos temas como a reforma política, discutimos reforma tributária, votamos terceirização, votamos redução da maioridade penal, conseguimos votar correção do FGTS para o trabalhador."
Quanto ao processo a que responde no Conselho de Ética, Cunha disse que é consequência da oposição sofrida por ele desde que foi eleito presidente da Câmara.
“Fizeram uma representação no Conselho de Ética, direito legítimo do Psol, e essa representação passou a virar um tema de mídia. Por ser um tema de mídia, consequentemente, todos aqueles que tinham uma participação nesse processo passaram a ter espaço na mídia e passaram a abusar. Alguns até erram, parece até propositadamente, visando, com isso, saber que o processo vai retornar, vai ser anulado e, consequentemente, ele vai ter mais espaço de mídia."
O presidente disse que vai recorrer da decisão do Conselho que admitiu o processo contra ele por suposta quebra de decoro. Eduardo Cunha sustenta que o Código de Ética da Câmara traz norma explícita que proíbe a participação no sorteio do relator de parlamentar do mesmo partido ou bloco do representado. O primeiro relator escolhido e depois substituído foi o deputado Fausto Pinato (PRB-SP).
Cunha também disse que a escolha do novo relator, Marcos Rogério (PDT-RO), pressupõe a apresentação de novo parecer, com prazo para pedido de vista. Ele avalia que o processo deverá retornar ao estágio inicial e diz que não se sente constrangido ao exercer seu direito de defesa. Para ele, o regimento não pode ser afrontado. Na prática, Eduardo Cunha afirma que a admissibilidade do processo no Conselho de Ética se deu fora do cumprimento de dispositivo regimental.








