29/09/2015 17:28 - Saúde
Radioagência
Aumento na incidência de sífilis em grávidas preocupa governo e indústria farmacêutica
Participantes de audiência pública da Comissão de Seguridade Social demonstraram preocupação com o aumento de quase 1000% de incidência de sífilis em grávidas a partir de 2013 e, também, com a crise de abastecimento de penicilina, único medicamento capaz de combater a doença. A reunião debateu nesta terça-feira (29) o desabastecimento do produto na rede pública de saúde, mas todos os participantes destacaram que a falta ocorre tanto no Sistema Único de Saúde (SUS) quanto nas redes privadas.
A vice-presidente de inovação da Eurofarma, Martha Penna, garantiu, porém, que a indústria farmacêutica vai retomar a produção do medicamento em 2015.
"Estamos quintuplicando a nossa produção, produção suficiente para atender, em tese, o País inteiro sozinhos, se for necessário, e vamos aumentar a produção, se for necessário. Nós tivemos que lidar com o problema da substituição do fornecedor. O fizemos da forma que foi possível, e acho que temos um problema grave. Não é só brasileiro, o gráfico da China é impressionante, o gráfico de epidemia de sífilis, e acho que temos que ter um papel de cooperação."
De acordo com a diretora do Departamento de DST, AIDS e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Adele Shwartz Benzaken, o governo está atento para resolver a falta de penicilina e elaborar campanhas de conscientização de combate à sífilis.
"As campanhas de sífilis no País têm sido tímidas. Acho que com essa visibilidade que está sendo dada pela Casa acho que conseguiremos fazer uma campanha com mais peso. A questão do desabastecimento ficou claro das medidas do Ministério da Saúde que é a compra centralizada, porque, até então, a compra da penicilina é uma obrigatoriedade dos municípios. Entretanto, em uma situação emergencial como essa, o Ministério da Saúde tomou providências de uma compra centralizada tanto importando medicamento, como fazendo editais internos no País."
O coordenador de comunicação da Sociedade Brasileira de Infectologia, Alexandre Cunha, alertou que a maior epidemia dos últimos dez anos no Brasil é a sífilis. Ele afirmou que uma explicação possível para a explosão no número de casos é a diminuição no uso de preservativos.
O deputado Dr. Jorge Silva (Pros-ES), que propôs a audiência pública, avalia que é uma epidemia multicausal.
"Uma epidemia multicausal e que a partir desse diagnóstico (o governo) está traçando linhas de enfrentamento. Principalmente em relação à fala dos representantes, com todo problema que possamos ter em relação à crise por que o País passa, sinto que o ministério está atento e nós, como Legislativo, devemos estar cobrando e fiscalizando para que essas medidas sejam cumpridas."
A representante do Conselho Federal de Farmácia Mônica Holtz Cavicholo disse na audiência pública que, entre as dificuldades encontradas pelos gestores municipais e que contribuem para a crise de abastecimento, estão, além do aumento da demanda, a não regularidade do fornecimento; fracassos em processos licitatórios; descumprimento de exigências de edital; e problemas com fornecimento de matéria-prima.








