27/08/2015 21:02 - Administração Pública
Radioagência
Presidente do BNDES nega ingerência política sobre a instituição
Presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social [BNDES] diz que não há ingerência política sobre a instituição e que decisões sobre empréstimos são técnicas.
Em depoimento à CPI que apura supostas irregularidades em operações do banco entre 2003 e 2015, Luciano Coutinho disse, nesta quinta-feira, que as decisões sobre empréstimos são baseadas na análise da capacidade econômico-financeira das empresas.
Primeira pessoa a depor na CPI, Coutinho respondeu perguntas dos deputados por quase seis horas. Segundo ele, os projetos de financiamento propostos por empresas privadas são criteriosamente analisados pelo comitê de crédito do banco e passam por diversas instâncias decisórias.
"O comitê avalia a capacidade de pagamento, as condições de solidez financeira dos empreendedores, as condições cadastrais, avalia as condições de mercado e a solidez de projeção do fluxo de caixa [...] É uma avaliação estritamente técnica."
Durante sua apresentação aos deputados, Luciano Coutinho buscou reforçar que o BNDES tem uma situação financeira saudável, com baixo risco de inadimplência e que gera lucratividade para o Tesouro Nacional.
"Se nós olharmos por lucratividade e por inadimplência, vamos ver que o BNDES se qualifica como forma muito favorável e com baixíssima inadimplência quando comparado com outros bancos de desenvolvimento do mundo."
Perguntado, por diversos deputados, sobre o impacto da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, Coutinho afirmou que o BNDES não está sofrendo nenhuma exposição ao risco por ter financiado empreiteiras investigadas. Em resposta ao deputado Miguel Haddad, do PSDB paulista, ele explicou que o banco financia projetos dos quais essas empresas são sócias, e não elas diretamente.
"Não há um crédito direto do banco para a empreiteira A, empreiteira B ou empreiteira C enquanto desvinculada de um projeto. Os créditos são a projetos relacionados a concessões ou infraestrutura."
Coutinho negou que o ex-presidente Lula e o ex-ministro José Dirceu tenham atuado para beneficiar países como Venezuela, Cuba e Angola com empréstimos do BNDES. Segundo ele, os empréstimos feitos pelo banco a países sem grau de investimento têm garantia de liquidez que protege as operações de inadimplência.
"Não há orientação ideológica de parte do BNDES na concretização desses apoios aos projetos de comércio exterior. Nós olhamos capacidade de pagamento, olhamos garantias, olhamos a prudência dos nossos créditos, estão todos em dia."
O momento mais tenso do depoimento ocorreu quando o deputado Caio Narcio, do PSDB mineiro, perguntou se Coutinho autorizaria a CPI a quebrar seu sigilo telefônico, para apurar se ele tem relações próximas com o ex-presidente Lula, o ex-ministro José Dirceu e o delator da Operação Lava Jato Ricardo Pessoa, entre outras pessoas.
"Então, presidente, como um caso de encaminhamento, como nós assumimos que vossa excelência está falando a verdade, propor um requerimento que a gente possa quebrar o sigilo do telefone para saber se vossa excelência teve acesso direto a essa pessoas citadas ... vossa excelência se opõe? Eu estou inquirindo ... eu peço que respeitem a minha palavra..."
Deputados governistas criticaram a postura de Narcio, dizendo que ele estava constrangendo o depoente. Coutinho limitou-se a dizer que não tinha relações com nenhum dos citados e disse que deixaria a decisão com os parlamentares. Ao final, Narcio anunciou que vai apresentar um requerimento para quebrar o sigilo telefônico do presidente do BNDES.








